Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Estudo desenvolvido pela Associação de Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) atribui à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a demora na chegada de novos medicamentos ao mercado, que pode ser de até dois anos. Para a associação, que representa fabricantes de 78% dos medicamentos de referência (de marca) no Brasil, a agência está com déficit de pessoal.
O estudo, feito com base em dados disponíveis no sistema Datavisa (da Anvisa) entre agosto de 2011 e agosto de 2012 , concluiu que o tempo para a liberação do uso de remédios está aumentando progressivamente. De acordo com a Interfarma, para medicamentos novos, sem versões genéricas ou similares, o prazo de espera passou de sete meses para um ano e quatro meses, no período da pesquisa.
Os medicamentos biológicos, usados no tratamento de doenças como câncer e artrite reumatoide, podem demorar mais de um ano para terem a comercialização liberada pela Anvisa. Remédios similares e genéricos, alternativas mais baratas para o consumidor, são recordistas de espera, podendo demorar quase dois anos na fila para conseguirem autorização da Anvisa.
Em reunião hoje (3) com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, representantes da Interfarma entregaram uma carta a ela sobre a demora na liberação e pedindo uma solução.
Para a associação, o ponto crítico é a burocracia. “Temos muito orgulho do trabalho que vem sendo desenvolvido pela Anvisa e não queremos que a vigilância seja menor. Queremos mais vigilância sobre o essencial, que é o exame dos produtos e a inspeção de fábricas, com menor burocracia”, afirma, em nota, o presidente executivo da Interfarma, Antônio Britto.
Em nota, a Anvisa atribui o aumento na demanda de registros de medicamentos ao recente crescimento econômico. Mesmo assim, a agência declara que o tempo de análise para registro de medicamentos no Brasil é compatível com o das demais agências reguladoras do mundo.
A Anvisa informa que está trabalhando para compatibilizar o crescimento na demanda por registro de medicamentos com a sua estrutura. De acordo com a agência, a revisão dos marcos regulatórios, a reestruturação da agência e a implantação do registro eletrônico de medicamentos são três medidas que serão adotadas para solucionar o aumento na demanda.
Na nota, a agência diz que já permite que medicamentos voltados para o SUS, medicamentos inovadores e genéricos para segmentos que ainda não tenham concorrência recebam prioridade de análise e enfatiza que, por trás do esforço empreendido, está a segurança sanitária dos produtos utilizados pela população brasileira.
Edição: Carolina Pimentel e Fábio Massalli - Matéria atualizada às 20h49 para acréscimo da posição da Anvisa