Da Agência Brasil
Brasília - Desde o dia 4 de junho, o Ministério da Saúde oferece gratuitamente três medicamentos para o tratamento da asma - brometo de ipratrópio, diproprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol – em mais de 20 mil farmácias privadas credenciadas ao programa Aqui Tem Farmácia Popular e nas mais de 500 farmácias da rede pública de saúde.
Apesar da iniciativa, a fisioterapeuta e presidenta da Associação Brasileira de Asmáticos (Abra), Tânia Nen, alega que falta informação sobre a doença e muitos dos remédios para tratar a doença ainda não são distribuídos pelo governo.
“A asma é a quarta causa de internação hospitalar no país. O tratamento ainda é caro e difícil, pois muitos pacientes ainda não sabem usar os medicamentos corretamente. Metade do controle da doença está na respiração correta, no cuidado com o ambiente e no uso correto da medicação. Alem disso, muitos dos remédios para o tratamento da inflamação ainda não são distribuídos pelo governo”, contou.
A Abra é uma organização criada no Rio de Janeiro, em 1992, com o objetivo de educar e orientar, por meio de palestras mensais, os pacientes que sofrem com a doença. O trabalho educativo é realizado por vários profissionais da saúde.
Antes dessa inclusão, os medicamentos já eram ofertados nas farmácias credenciadas com até 90% de desconto. A expectativa é que a gratuidade amplie o acesso a medicamentos e o número de beneficiados, reduzindo as internações por asma. Anualmente, o Programa Farmácia Popular atende a 200 mil pacientes para fornecimento da medicação para o tratamento da asma. Estima-se que, com a gratuidade, esse número alcance 800 mil.
Em dez dias de gratuidade dos medicamentos para asma nas farmácias populares, cresceu quase 30% o número de beneficiados com os medicamentos para asma. De acordo com o Ministério da Saúde, 20,4 mil pessoas retiraram os medicamentos entre 4 e 13 de junho, enquanto, nos dez dias anteriores à iniciativa, 15,7 mil pessoas receberam os remédios.
Para tratar a doença no Distrito Federal, foi criado em 1999 o Programa de Atendimento ao Paciente Asmático do DF (Papa), parceria do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que visa a garantir acompanhamento ambulatorial e tratamento adequado ao paciente, além de promover palestras com orientação para a população.
“O Papa ainda garante a distribuição gratuita dos medicamentos para o tratamento da asma. A inclusão dos três medicamentos na lista de distribuição das farmácias populares foi uma forma de descentralizar o acesso da população a esses remédios. A ação está vinculada ao Papa”, explicou a médica alergista e imunologista pediátrica do Hospital da Criança Cláudia Valente.
O pneumologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Martins ressalta que a distribuição do remédio nas farmácias populares foi mais uma medida para melhorar a vida dos pacientes. “Antigamente, era um tratamento caro, mas, por meio dos programas criados pelo governo, o paciente tem acesso a maioria dos medicamentos na rede pública”, afirmou.
De acordo com estimativa do médico, o custo impedia o acesso de pacientes ao medicamento. “Em geral, era preciso gastar de R$ 50 a R$ 100 mensalmente no tratamento, e muitas famílias não podem pagar. Então, a distribuição na farmácia popular ajudou muita gente. Hoje não há justificativa para não tratar a doença”, disse.
Matheus Gonçalves, 13 anos, sofre com a asma desde os 2 anos de idade, mas só começou o tratamento da doença em 2011. “Sou alérgico à poeira e à fumaça, e geralmente tenho crises quando há mudança de temperatura, como nesta época do ano. Quando tenho crises, fico cansado, não consigo respirar direito. Tenho chiadeira no peito, tosse seca, uma sensação de que estou sufocando. Também não durmo, nem me alimento direito. Entretanto, desde que comecei o tratamento, quase não tenho mais crises, e estou me sentindo bem melhor”, contou.
Mariana Lima, 24 anos, tem asma desde criança, mas, com o tratamento, quase nunca tem crises, atualmente. “Tenho alergia à poeira, e, quando a temperatura muda, fico um pouco cansada. Quando tenho uma crise forte, vou parar no hospital para tomar oxigênio e medicamento. Não uso medicamento diariamente, só quando precisa, às vezes com nebulização resolve”, disse.
Edição: Davi Oliveira