Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde informou hoje (8) que pode haver relação entre a morte de cães e gatos com a vacina usada nas campanhas de imunização dos animais contra raiva. Foram identificadas 79 mortes de animais vacinados em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte – sendo 41 de cães e 25 de gatos. No estado de São Paulo, a vacinação está suspensa desde agosto.
De acordo com a secretaria, os casos podem estar relacionados à vacinação – já que os sintomas apareceram 72 horas após a aplicação da vacina - ou com reações individuais de cada animal. Por isso, permanecem sob investigação para identificação da causa específica. “Apesar de estarem temporalmente associados à vacinação, esses eventos permanecem sob investigação”, diz a nota do ministério.
Mesmo sem resultados conclusivos, o ministério mantém a recomendação de continuidade da vacinação de cães e gatos contra raiva, porque o número de mortes está abaixo do esperado. “Com base nas informações disponíveis até o momento, não há evidências suficientes para recomendar a interrupção da campanha antirrábica”, afirma a nota.
Segundo o ministério, a partir de 2010, passou a ser usada a vacina de cultivo celular, que garante imunidade de um ano, é mais segura e atende às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme o ministério, a empresa Biovet, fabricante da vacina mais usada nas campanhas públicas, tem registro e licença no Ministério da Agricultura há oito anos e comercializa o produto em clínicas veterinárias particulares de todo o país.
Desde junho, 17 estados e o Distrito Federal vacinaram, juntos, mais de 1,37 milhão de animais. Desse total, 14 estados e o DF utilizam somente a vacina do laboratório Biovet. Os estados de Roraima, Minas Gerais e da Bahia usam vacina de outra empresa. Sobre a suspensão da campanha em São Paulo, o ministério informou que a medida será reavaliada dentro de duas semanas.
Foi confirmado hoje (8) o primeiro caso de raiva humana transmitido por cão neste ano. O paciente foi atacado, há três meses, por um animal infectado na cidade de Chaval, no Ceará. Ele está sendo submetido ao mesmo tratamento antirrábico aplicado em um paciente de Floresta (PE), em 2008, que se tornou o terceiro sobrevivente no mundo à raiva humana. Até junho deste ano, foi registrada uma morte por raiva humana no Rio Grande do Norte, transmitida por morcego.
A raiva é uma doença viral transmitida ao homem por mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado, principalmente cães, gatos, saguis e morcegos. A taxa de letalidade entre humanos é próxima de 100%. Em 1990, foram notificados 73 casos de raiva humana no Brasil. A partir de 1995, o número passou a cair, chegando a dois casos, no ano passado, de acordo com o governo federal. O ministério atribui a queda às ações de vigilância, como a vacinação de cães e gatos.
Edição: João Carlos Rodrigues