Associação cobra do governo fluminense investimentos em estradas e comunicação no campo

14/05/2010 - 10h00

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O presidente da Associação de Produtores Rurais de Vargem Alta, em Nova Friburgo, região serrana fluminense, Carlos David Hosken, disse que os principais desafios para a agricultura estadual são a falta de estradas asfaltadas e de acesso à telefonia rural e internet. Ele participa do 2º Congresso Rio Eco Rural, que fará um diagnóstico dos principais setores do agronegócio fluminense. O encontro, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), termina hoje (14).

Vargem Alta é a principal região produtora de flores de corte de Nova Friburgo – o segundo maior município produtor do Brasil. As flores são comercializadas no Centro de Abastecimento e Distribuição do Estado do Rio de Janeiro (Cadeg), mas a meta dos 120 produtores, filiados à associação, é exportar para outros estados.

O secretário estadual de Agricultura, Alberto Mofati, afirmou à Agência Brasil que a entrega de máquinas e equipamentos aos produtores resolverá o escoamento da produção no tempo adequado. “Essas máquinas vão permitir exatamente isso. Que as estradas sejam atendidas e que os produtores possam escoar devidamente a produção”, ressaltou. O governador Sérgio Cabral também assegurou que a manutenção das estradas agrícolas é uma das prioridades de seu governo na área rural.

Mofati esclareceu que outro problema no campo é a dificuldade de acesso à educação. Em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, a ideia é aproveitar os espaços das escolas nos finais de semana e à noite. “Podemos levar conteúdo rural para capacitar o produtor, inclusive pelo uso da informática, dando a ele melhores condições de ter informação e produzir com melhor qualidade.”

Na avaliação do historiador Edson Lisboa, especialista em agronegócio, ligado à Comissão de Agricultura da Alerj, a economia rural fluminense começou a registrar queda na produção a partir da década de 30. “O campo foi penalizado. Desde Getúlio Vargas, a gente vem passando por políticas de transferência de renda do campo para a cidade. Em três décadas, invertemos a balança. Tiramos 80% da população do campo e jogamos na cidade.”

Ele ressaltou a necessidade de mais investimentos em estradas e infraestrutura. Ele explicou que a luz elétrica chegou ao interior com 30 anos de atraso, quando a população já havia saído do campo para as áreas urbanas. “Espero que não aconteça o mesmo com a telefonia e internet. A gente precisa "linkar". Campo e cidade não podem ser separados. Tem que ser uma coisa só. O cara pode ter a propriedade rural, trabalhar no campo, mas pode vir à cidade gastar seu dinheiro e retornar. Para isso, precisa de estrada e telefonia.”

Edição: Talita Cavalcante