Elaine Patricia Cruz

Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, viu similaridades entre a crise econômica que atinge atualmente a Grécia e as que o Brasil e os países emergentes sofreram no passado. Meirelles lembrou, inclusive, que o Brasil também teve que recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Não há dúvida de que crises de dívida pública, como é o caso agora da Grécia, tem uma certa similaridade com crises vividas por outros emergentes em outros momentos. Países que estavam com endividamento público crescente em momentos de grande liquidez e que, por um processo de contração de liquidez, tiveram dificuldade de financiamento de sua dívida", disse Meirelles ao participar na noite de hoje (29) do Prêmio Destaque Agência Estado Projeções.

Para o presidente do BC, o fato da Grécia pertencer à União Europeia é um fator que pode facilitar para a solução da crise. Meirelles, no entanto, vê um paradoxo na questão, já que a falta de uma política monetária no bloco europeu pode trazer dificuldades para o enfrentamento da crise. "A União Europeia tem um papel importante na solução do problema. Mas, por outro lado, não tem política monetária nem cambial, o que coloca uma dificuldade interessante".

Segundo Meirelles, o Brasil conseguiu mostrar, em 2008, que estava "muito bem preparado para enfrentar a crise". "O custo de enfrentamento da crise no Brasil foi muito menor do que nos demais países do G20", afirmou. Mas na comparação do presidente do BC, a crise atual, apesar de poder sofrer um agravamento, é também diferente da crise de 2008, já que ela pode ser dimensionada.

"É importante notar que essa crise tem uma característica diferente. As perdas são dimensionadas e conhecidas, inclusive a perda potencial. Não tem aquela característica de desconhecimento que existiu na crise anterior e que levou à paralisação do sistema financeiro", afirmou.

Edição: Aécio Amado