Relatório mostra "pegada florestal" de grandes empresas

10/02/2010 - 17h41

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Relatóriolançado hoje (10) no Reino Unido mostra o impacto da atividade de 35grandes empresas sobre a floresta. O documento, elaborado pelaorganização Forest Footprint Disclosure calcula a “pegada florestal” decompanhias que utilizam commodities ligadas às florestas e que podempressionar o avanço do desmatamento, como soja, carne, couro, madeira ebiocombustíveis. A organização consultou 217 companhias, massomente 35 atenderam o pedido de enviar informações sobre o impacto desuas cadeias sobre as florestas, entre elas gigantes como a Unilever,Nike, Adidas, Carrefour e BMW.O baixo índice de respostas,segundo a organização, mostra que ainda há desconhecimento sobre arelação direta entre desmatamento e mudanças climáticas e que osinvestidores ainda não relacionam a diminuição dos impactos de suascompanhias sobre as florestas como um requisito para a transição parauma economia de baixo carbono. De acordo com o relatório, hávários casos de grandes empresas que investem alto em publicidadeambiental, mas não aplicam a sustentabilidade na prática.Dezenoveempresas brasileiras foram convidadas, mas apenas duas divulgaram sua“pegada florestal”: o grupo Independência, do setor agropecuário, e aFibria, gigante de papel e celulose. O Brasil é citado comfrequência na análise da pegada florestal do setor agropecuário e dasoja. O relatório defende a necessidade urgente de um sistema decertificação para carne bovina, para impedir que o boi do desmatamentocontinue sendo exportado. O documento cita como exemplo aMoratória da Soja, assinada em 2006, e que “reduziu significativamente”a expansão de lavouras de soja na Amazônia brasileira. Entre ascompanhias brasileiras que não concordaram em enviar dados sobre osimpactos de suas atividades sobre as florestas estão a Cosan, o grupoAndré Maggi e os frigoríficos Bertin, JBS e Marfrig. Olevantamento pretende subsidiar a escolha de produtos com garantia deorigem e sustentabilidade na cadeia produtiva. A iniciativa lembra orelatório A Farra do Boi na Amazônia, lançado em 2009 pelo Greenpeace,que levou grandes redes de supermercados a romper contratos comfrigoríficos que não conseguiram comprovar que os bois eram criadosem áreas áreas livres de desmatamento ilegal.