Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Cerca de 200 indígenas ocupam desde sábado (6) asede da Fundação Nacional do Índio (Funai) instalada no campus de Altamira da Universidade Federaldo Pará. Eles protestam contra um decreto que altera o funcionamentodas superintendências regionais do órgão.A ocupação,segundo o presidente do Conselho Indígena de Altamira, Luís Xipáia, sedeve à assinatura do Decreto 7.056, publicado no Diário Oficialda União em 28 de dezembro de 2009. Olíder indígena diz que quase todos os funcionários da Funai de Altamiraforam afastados, o que deixa as comunidades da região assustadas com apossibilidade de ficar sem assistência da fundação."Omunicípio de Altamira é a região onde está concentrada a maiorpopulação indígena do Pará, maior não em número, mas em quantidade deetnias. Nós temos nove etnias, com 18 aldeias e 4 mil indígenas, além de 6 milhões de hectares em terras indígenas. Isso está sem cobertura,hoje, da Funai. Já estamos sofrendo invasões de nossas terras por causada perda da administração da Funai em Altamira", acrescenta Xipáia.Ele afirmaque haverá apenas três administrações regionais da Funai no Pará: emMarabá, em Santarém e na capital, Belém. O presidente do conselho se queixa de que ascomunidades de Altamira vão ficar subordinadas à Funai de Santarém, quefica a mil quilômetros de distância.Para o presidente daFunai, Márcio Meira, está havendo um mal-entendido por parte dosindígenas de Altamira. Ele ressalta que não há motivo para o protesto.''Pelo contrário, nós vamos melhorar a qualidade do atendimento aosindígenas de lá, porque a maioria da população indígena atendida emAltamira é de contato recente. Então, nós estamos criandouma estrutura que a Funai tem, especializada nesse tipo de atenção aesse recente contato. São as redes de proteção etnoambiental", diz.Em relação à falta de funcionários da Funai, Meira informa que um concurso público vai ser feito em março.Opresidente da Funai afirma ainda que está disposto a receber umacomissão de indígenas de Altamira para conversar sobre a reestruturaçãodo órgão. Segundo ele, o decreto busca mudar a Funai para melhor, masainda não está sendo bem compreendido.