Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O primeiro emprego que fez a alegria do jovem Luan Jessé Jesus dos Santos,neste começo de ano, não veio de nenhuma atividade regular no comércio, na área de serviços ou na indústria. Ele veio por meio dos preparativos das escolas de samba para a festa do carnaval. Depois de meses em busca de trabalho, Luan, de 18 anos, e concluindoo ensino médio, foi contratado como office boy pela Escola de Samba Tom Maior, de São Paulo."Ninguém me contratava porque eu estava em fase de entrar noExército, estava bem difícil. Um amigo me indicou para a escola, queprocurava jovens em busca do primeiro emprego", disse. Luan faz parte de um grupo de paulistanos, que apesarde não constar nas estatistícas oficiais de desemprego da cidade, se beneficia com aeconomia gerada no carnaval.A SPTuris, órgão da prefeitura de São Paulo, que promove o turismo nacapital, estima que 25 mil empregos diretos e indiretos sejam geradosem 52 setores da economia devido ao carnaval.O vice-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de SãoPaulo, Marko Antonio da Silva, explicou que a festa não se resumemais ao segundo mês do ano. "Somos uma indústria que emprega o anointeiro. Neste momento, todas as escolas estão trabalhando no enredo de2011, já que os deste ano estão todos prontos". Mesmo sem ter dados oficiais, ele estima que as contratações aumentaram em torno de 60% em janeiro,mês que antecede o carnaval. Segundo Silva, os empregos gerados nãosão apenas as tradicionais costureiras e aderecistas, responsáveispelas fantasias e carros alegóricos. "A escola de samba é uma casa deespetáculos e emprega manobristas, recepcionistas, garçons,bartenders", disse. Ainda de acordo com ele, a faixa salarial podevariar de R$ 80 a R$ 150 por semana e até R$ 100 mil, que é quanto ganha em média umcarnavalesco. O trabalho que o carnaval demanda não é gerado apenas perto dobarracão da escola - há quem esteja a quilômetros de distância e consigauma oportunidade de emprego, como é o caso dos cerca de 80 presidiáriosque estão em Campos (RJ) cumprindo pena e prestam serviços dedecoração para a escola Barroca Zona Sul. "Eu pago cerca de R$ 1 porpeça e o dinheiro é todo revertido para a família deles", revelou opresidente da escola, Luiz Paulo dos Santos.Santos contou que os detentos recebem o material e são treinados porcarnavalescos da escola. "Eles não são preguiçosos ou vagabundos, elestrabalham o dia inteiro e até no fim de semana para dar conta danossa demanda", disse. O resultado, segundo o presidente da Barroca, éperfeito. "Todas as peças que eles produzem passam no nosso controle dequalidade, são muito bem feitas. Eu sempre recomendo para osempresários contrata-los. Eles são ótimos, além do custo da mão de obraser mais barato. É um trabalho social importante, uma segunda chance que eles merecem".