Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O carnaval de Brasília, com desfile das escolas de samba de cidades do Distrito Federal, deverá significar dinheiro a mais para oscatadores de lixo da região. Apesar da festa na capital não ter o tamanho que se compare aos carnavais tradicionais do Rio de Janeiro edo Nordeste, a expectativa com o desfile da Liga das Escolas de Sambade Brasília (Liesb) para os catadores da cooperativa Cem Dimensão éotimista. “Desde que a gente seja cadastrado e participe da coleta noseventos, é bom sim. No ano passado, devemos ter coletado 1 tonelada a mais [de material reciclável]”, disse a coordenadora da cooperativa, Sônia Maria da Silva. Segundoela, os principais detritos recolhidos pelos catadores são garrafinhasde água mineral, plásticos de embalagens e latinhas de refrigerante ecerveja. E não é só no desfile das escolas que o material é coletado.Os catadores também aproveitam os blocos de rua como a Baratona e oGalinho da Madrugada, agremiações tradicionais na cidade. “O pessoal bebe muitacerveja”, completa Sônia. Apesar disso, segundo ela, nas festas maioressó cerca de 20 dos 200 cooperados que formam a Cem Dimensão sãoencaminhados para a coleta. “São só os que vestem a camisa mesmo, osque fundaram a cooperativa”, afirmou. O trabalho rende de R$ 3 mil a R$4 mil a mais na renda total da cooperativa.Integrante da Liesb, o presidente da maiorescola do Distrito Federal, a Aruc, Moacir Oliveira Filho, conhecido como Moa, lamenta queparte dos empregos que poderiam ser gerados em Brasília com o carnavalfiquem no Rio e em São Paulo. Segundo ele, como a verba do governo doDF para o carnaval só é repassada às escolas 40 dias antes da festa,fica impossível conseguir todos os materiais na cidade. “A maior partedos materiais é comprado no Rio e em São Paulo. Se a verba fosseliberada antes poderia ser comprada em Brasília, mas nessa época do anojá não tem mais ou o material está custando muito caro aqui”, disseMoa. A Aruc geradiretamente cerca de 70 empregos no período, de acordo com ele. A maiorparte é de costureiras, marceneiros, serralheiros, escultores efigurinistas. Estima-se que entre as escolas sejam gerados 500empregos diretos. Mesmo assim, uma parte das fantasias da escola ainda éfeita no Rio de Janeiro,porque a Aruc não conseguiu concluir um curso iniciado no ano passadopara formar profissionais capazes de fabricar todo o material. “Tivemosum problema burocrático e a secretaria de cultura não liberou a verba.É uma pena, porque seriam de 20 a 30 empregos que ficaram no Rio”,lamentou.A secretaria de Trabalho do Distrito Federal não temdados sobre a quantidade de empregos são gerados com a festa na cidade. Umaparceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) faz a medição de vagas, mas apenas após ofechamento do mês de fevereiro.Dessa forma, não há nenhuma previsão anterior sobre o aumento de vagas. De acordo com Tiago Oliveira, do escritório regional do Dieese, como afesta na capital é pequena, não é possível diferenciar quantas vagasforam geradas em meio ao crescimento natural do número deempregos. “A gente consegue diagnosticar que aumenta, mas dificilmenteconsegue apontar se isso decorre do carnaval ou não. Até porque ocarnaval no DF não é grandioso, não tem impacto na economia”, explicouOliveira. Também não há dados sobre os empregos informais como osdos catadores de lixo no carnaval. Nem o Sebrae nem o Ministério doTrabalho produzem estatística sobre quantas pessoas arrumam trabalhosem carteira assinada nesse período.