Recuperação rápida do país fez Fazenda prever expansão conservadora do PIB, diz Barbosa

06/02/2010 - 8h33

Ivanir José Bortot e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Arecuperação mais rápida do Brasil em relação ao restante do mundo levouo Ministério da Fazenda a fazer uma projeção conservadora para aexpansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Há duas semanas, oministério divulgou previsão de crescimento de 5,2% para a economiabrasileira em 2010, menos que os 5,8% estimados pelo Banco Central noRelatório de Inflação, apresentado em dezembro.Ementrevista exclusiva à Agência Brasil, o secretário de PolíticaEconômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que aprojeção leva em conta um cenário “realista” em relação à economiainternacional. O descompasso entre o crescimento do Brasil e dos demaispaíses, avaliou, fará com que o país “exporte” demanda doméstica.“No quesito demanda doméstica,temos um crescimento até maior que o projetado pelo Banco Central, masprevemos que nossas importações cresçam mais rápido por causa darecuperação da economia brasileira, ao contrário das exportações, quenão devem crescer na mesma velocidade por causa do cenário mundial”,explicou.Segundo documento divulgado na reunião dos ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final de janeiro, a demanda doméstica deve crescer 7,3% em 2010. No entanto, a demanda externa líquida teráretração de 2,1% porque as compras do exterior crescerão mais que asexportações. Subtraindo os dois números, o ministério chegou à taxaestimada de 5,2%.Barbosa destacou que as projeções da Fazendaestão mais conservadoras até que as estimativas do mercado, que projetaalta de 6% a 6,5% neste ano. “Haverá um vazamento maior do crescimentoda demanda domésticado Brasil para o resto do mundo. Isso já está na nossa projeção, masacho que não está nas previsões de alguns analistas financeiros”,afirmou.De acordo com o secretário, a projeção menos otimistada Fazenda indica que o crescimento será sustentável, que não sereflete em pressões inflacionárias. “A economia não está superaquecida,apenas recuperando o nível pré-crise, entre 5% e 5,5%, que ésustentável”, afirmou. Para ele, a estimativa garantirá o crescimentodo emprego e da renda do trabalhador em 2010, impulsionados, em boaparte, por programas de estímulo do próprio governo.“Aexpectativa neste ano é de criação de 1,6 milhão de empregos comcrescimento na massa salarial”, declarou. “Os setores que devem lideraresse processo no Brasil, e já estão liderando, são a construção civil,por causa do [Programa de Aceleração do Crescimento] PAC e do programaMinha Casa, Minha Vida, e o setor de bens de capital, que foiestimulado com programa de sustentação de investimentos.”SegundoBarbosa, o crescimento de 5,2%, aliado ao cumprimento da meta desuperávit primário de 3,3% do PIB, é suficiente para reduzir a dívidalíquida do setor público para 40% do PIB no fim do ano. No entanto, aqueda pode ser ainda maior dependendo do desempenho da economiabrasileira. “Essa projeção leva em conta uma estimativa de crescimentoconservadora. Se o crescimento for maior, nossa dívida cai ainda mais”,ressaltou.A dívida pública saltou de 37% do PIB, em dezembro de2008, para 43% do PIB no final do ano passado. Barbosa, no entanto,disse que o número reflete a alta do dólar durante a crise, queaumentou o valor em reais das reservas internacionais e reduziu adívida líquida. Segundo ele, a comparação ideal deve levar em conta aproporção da dívida em agosto de 2008, que era de 41%. “A dívida do Brasil subiu dois pontos percentuais, uma das menores elevações pós-crise”, declarou.