Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Frei Betto defendeu hoje (4) uma maior articulação entre osmovimentos populares para abrir mais espaço no governo às pautas decunho social. Segundo ele, desde 2003, os movimentos populares têm se“desmobilizado”, pressionando menos o governo a adotar uma agenda dereformas sociais profundas. “Nós não conseguimos criar umaarticulação dos movimentos sociais brasileiros. As poucas tentativasocorridas ainda não foram exitosas. Como a criação da Central dosMovimentos Populares, como a Assembleia Popular. Surgiram, mas todasmuito frágeis. Não foi exitoso em estabelecer bandeiras ou pautascomuns de luta” disse em palestra a membros do projeto Meninose Meninas de Rua, em São Bernardo do Campo (SP). Frei Betto,conselheiro do presidente Lula no início de seu governo e atualmenteassessor de movimentos sociais, disse ainda que parte da desmobilizaçãodos movimentos populares se deu em razão de eles imaginarem que ogoverno Lula resolveria “na canetada” todos os problemas do país. “Aoeleger o governo Lula, o movimento teve inconscientemente a impressãode que estava criando uma grande vaca com uma teta para cada boca”,disse. Deacordo com Frei Betto, houve um distanciamento entre o governo federal eos movimentos sociais, o que acabou por afastar do poder a agenda pretendidapelos movimentos populares. “O governo Lula tinha duas pernas degovernabilidade. O movimento social e o Congresso. Infelizmente, ogoverno Lula fez opção pelo Congresso. Os movimentos sociais não sãoimportantes para a estratégia de governabilidade do governo Lula. Commuita dificuldade conseguem ter audiência com algum ministro. São escutados como favor. E não como parceiros”, ressaltou.