Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Osecretário especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, confirmouque será alterada a redação da terceira edição do ProgramaNacional dos Direitos Humanos (PNDH 3). Por determinação dopresidente Lula, serão modificadas às propostas que tratam doaborto, disse hoje (2) Vannuchi após reunião, em Brasília, com domDimas, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos doBrasil (CNBB).Segundo o ministro, as alterações ocorrerãoapós discussões com a própria CNBB e as organizações queparticiparam do processo de elaboração do programa, tais como oFórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos. A IgrejaCatólica reagiu com satisfação ao recuo do governo. Segundo domDimas, a CNBB tem concordância de 80% dos pontos tratados noprograma. “O problema foi colocar outros pontos que não sãoconsenso, mas expressam pontos de vista de alguns setores dasociedade”, disse. De acordo com a Secretaria Especial dosDireitos Humanos (Sedh), o processo de elaboração do PNDH levoucerca de dois anos entre as primeiras consultas públicas e osdebates até a assinatura do decreto estabelecendo o programa.“Paraa igreja o que está no centro é a pessoa e sua dignidade. Sejamdoentes em agonia ou embrião, todos têm direito à dignidade”,disse o bispo. “A boa ciência ensinou à igreja que a vida começana concepção”, completou.Vannuchi fez questão deassinalar o “respeito” à posição da igreja e “humildade”para modificar o PNDH 3. O ministro salientou que os religiosos “sãodefensores históricos dos direitos humanos e têm críticaslegítimas”.A conversa de Vannuchi e com dom Dimas duroumais de duas horas. Outros temas foram tratados, como a exposição desímbolos e imagens religiosas em locais públicos. Mas, nem o governoe nem a CNBB anunciaram nenhuma modificação nesse ponto no PNDH 3. “Não chegamos a discorrer sobre os símbolos. Mas na minha opiniãonão precisam negar o passado”, afirmou dom Dimas.Para oministro Vannuchi, o recuo do governo é natural e faz parte do jogodemocrático. “Na democracia é assim; a busca da concertação”,disse, depois de conhecer melhor a posição da CNBB.