Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois das críticas aos Estados Unidos do assessor especial paraAssuntos Internacionais da Presidência da República, Marco AurélioGarcia, expondo o incômodo do governo brasileiro pelo tratamentodispensado pelo presidente norte-americano, Barack Obama, a temasconsiderados prioritários no cenário internacional, assessores doPalácio do Planalto e do Itamaraty atuam para minimizar os efeitosda tensão. Mas a ideia é consolidar a posição de crítica dogoverno e advertir Obama que é necessário rever algumas posições.
Internamente, oministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que adivergência entre os governos dos Brasil e dos Estados Unidos énormal e que não existem razões para temer estremecimentos. Emconversas informais, Amorim negou mal-estar ou eventuais retaliaçõeseconômicas, por exemplo.
Diplomatas queacompanham o processo político afirmam que o alerta de Garcia foicolocado no tom correto e no momento adequado. O objetivo, segundoeles, é advertir de forma adequada o governo norte-americano sobreeventuais equívocos na condução da política externa.
Paralelamente, aadvertência serve também para mostrar que o Brasil não quer ocuparo papel de coadjuvante, mas de protagonista em negociações depolítica internacional. A exemplo disso o governo brasileiro abrigahá dois meses o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, naembaixada do Brasil em Tegucigalpa, e resistiu às críticas internase externas à vista do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, naúltima segunda-feira, dia 23.
Assessores dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que Garcia expôs asensação comum que predomina em brasileiros e estrangeiros de quehá dez meses de sua gestão Obama não atendeu às expectativasdepositadas nele. O desconforto político aumentou com a cartaenviada pelo norte-americano a Lula no último domingo, véspera davisita de Ahmadinejad, a Brasília.
No documento, Obamadá um tom crítico à recepção ao iraniano no Brasil e reitera adefesa norte-americana às eleições do dia 29 em Honduras,considerando-as legítimas, ao contrário do que afirma o governobrasileiro.
Diferentemente doBrasil, que apoia ações internacionais destinadas a reduzir aemissão de gases poluentes – assunto debatido na Conferência dasNações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague,na Dinamarca -, os Estados Unidos evitam definir metas.
Outra divergência écom a Rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC).Para os brasileiros, é fundamental a abertura dos mercados agrícolascom redução de subsídios nos Estados Unidos, mas osnorte-americanos têm outra posição. As negociações estãoparalisadas.
“Isso [oconjunto de situações] está provocando uma certa frustração”,resumiu Garcia, ao analisar o papel de Obama no cenáriointernacional. As críticas ecoaram.