Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Areunião do G8 (grupo das sete maiores economias do mundo, mais aRússia), encerrada ontem (10) em L'Aquila, na Itália, terminou semavanços nas questões centrais. A avaliação é do professor deEconomia Internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro eda Escola Superior de Propaganda e Marketing Fernando Padovani. Segundo Padovani, hádivergências quanto às ações que devem ser implementadas paraacelerar o crescimento econômico e preocupação com otempo que a economia global pode levar para se recuperar. Ementrevista à AgênciaBrasil,ele disse que o presidente americano, Barack Obama, e oprimeiro-ministro inglês, Gordon Brown, consideram muito longa aperspectiva de crescimento zero pelos próximos 18 meses para aeconomia mundial e para a do G7, grupo é formado por EstadosUnidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália. De acordo com Padovani,isso teria custo político muito alto para esses países. “Elesquerem acelerar o crescimento. Por isso, Estados Unidos, Inglaterra eJapão pregam um novo tipo de pacto de investimentos públicos parareanimar a economia”. Ele ressaltou, contudo, que não deverá haver novo pacote para socorrer bancos.
O bloco europeu écontra isso, por entender que os países já gastaram demaiscom a crise. Além disso, correm o risco de sofrer críticas daopinião pública, muito atuante no continente. “Esse é ogrande impasse”, disse Padovanit Além disso, há o Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, que briga por maisespaço nas discussões. O debate foi iniciado na última reunião doG20 (integrado pelas principais economias do mundo), realizada em abrilpassado. “E Europa e Estados Unidos não estão com muita vontadede ceder nisso.”
Padovani prevêindefinição do cenário até o próximo encontro do G20, marcadopara setembro, na cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Napolítica internacional, disse ele, “conciliar prioridadesinconciliáveis é muito comum. E, daí, a tendência de não acontecer nadaé muito grande”. No entanto, ele considera positivo manter o processo de discussão em funcionamento. “O impasseé ruim, mas significa que o processo está vivo."
Na opinião doeconomista, para não decepcionar os investidores e os eleitores, épreciso haver sinalização de continuidade do processo, mesmo quesejam pequenos entendimentos de âmbito mais abrangente, como a ajudaprometida pelo G8 para a agricultura nos países em desenvolvimento eo combate à fome no mundo, com destaque para os países africanos.
Para ele, também poderá ser criado um novo grupo, o G14, reunindo os países ricos e osemergentes, ou o G20 ganharia força nos debates a partir de agora.“Isso vai ganhar consistência porque, atualmente, para quequalquer ação coordenada tenha legitimidade, é preciso convidar aChina. E os outros países do Bric [Brasil, Rússia eÍndia] vêm junto.” Isso não invalida que o "G7histórico", sem a Rússia, permaneça vivo. O G7 perdeuimportância com a crise, mas ainda representa dois terços doProduto Interno Bruto (PIB) mundial, ressaltou. “Diminuíram detamanho, cederam espaço para a China e o Bric, mas ainda são alocomotiva.”
Padovani espera que asgrandes discussões em torno da economia mundial prossigam emsetembro, quando deverá ser relançada a rodada de negociações daOrganização Mundial do Comércio (OMC), que tratará principalmenteda questão dos subsídios agrícolas. Os principais temas em debateserão o novo pacote de gastos públicos, a reforma do sistemafinanceiro e a cessão de mais espaço para Brasil e China no FundoMonetário Internacional (FMI).