Da Agência Brasil
Brasília - Mudançasclimáticas e turbulências da crise financeirainternacional provocaram queda na produção de grãosno ano passado, especialmente no fim do período. E, segundoanálise do Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada (Cepea), é possível que esses dois fatorescontinuem impactando o setor neste ano.
Comisso, disse o pesquisador Lucílio Alves, o ano de 2009 começoucom muita preocupação em relação à situaçãodas lavouras de grãos no país. Alves citou entre osproblemas as restrições ao crédito, a alta dosinsumos e o decréscimo da demanda. Em decorrência disso, em algumas regiões, já estão ocorrendo demissões de funcionários nas fazendas. “Háestimativas do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística] apontando menor produtividade agrícolaem virtude desse fatores. E, o mais preocupante, tudo indica que, nasafra seguinte, 2009/2010, a situação possa ser pior nocampo para o agronegócio brasileiro”, disse o pesquisador doCepea, em entrevista ao programa Revista Brasil, da RádioNacional.
De acordo com Alves, o cerrado foi a região que mais sofreu com asdificuldades de acesso ao crédito, o que levou muitas fazendasa demitir grande parte dos funcionários e a restringir astecnologias usadas nas lavouras de grãos. “Nas grandesfazendas do cerrado, houve dispensa de funcionários em grandequantidade, uma situação realmente complicada.”
Afalta de chuvas em 2008 foi também fator significativo para aqueda da produtividade das lavouras de grãos, principalmenteem partes do oeste da Região Sul, acrescentou o pesquisador,que ressaltou também o problema da seca em Mato Grosso do Sul.“Isso pode diminuir a oferta dos produtos agrícolas. Estamosvendo colheitas com produções extremamente baixas,talvez as menores da história”, observou Alves.
Ele destacou outro ponto relevante na análise doCepea: a menor demanda internacional pelos produtos agrícolasbrasileiros. “Isso pode afetar em parte a entrada de recursos no Brasil, tanto do setor de grãos quanto do setor de cargas.”
Parao pesquisador, a intervenção do governo, embora considerada viável, é uma opção impossível,pois o país não está preparado, nem tem recursossuficientes para implementar a medida. “Em 2009, a rentabilidade do setor vai serextremamente apertada, e aí volta-se para o governo.Provavelmente será necessária alguma intervenção,mas não há recursos disponíveis para que aintervenção se faça em grandes volumes para quealivie a renda do setor agrícola”.