Economista da USP diz que crise assusta e sugere queda substancial da Selic

20/01/2009 - 19h50

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A forte queda da atividade econômica em novembro e dezembro de2008 “vai contaminar a economia ao longo de 2009, com menoresexportações e escassa poupança externa”. Aafirmação é do professor de Economia daUniversidade de São Paulo (USP) Carlos EduardoGonçalves.Para ele, os efeitos da crise financeirainternacional provocaram um cenário que “realmente assusta”.Por isso, “não há espaço para hesitaçõesno que concerne aos rumos da taxa de juros”, afirmou. A Selicprecisa cair já, e “mais do que o trivial”.Emrazão do controle da inflação e com adeterioração da atividade econômica e desemprego, Gonçalves defendeu um ajuste substancial da taxabásica de juros, de no mínimo 1 ponto percentual, porentender que “a derrocada da atividade econômica global nãoirá embora em alguns meses, e seguirá severa”. Consultor da Fundação Instituto dePesquisa Econômica (Fipe) da USP, Gonçalves citoupesquisa de economistas da Universidade de Harvard, nos EstadosUnidos, sobre os efeitos de 14 crises financeiras graves no mundo, acomeçar pela depressão de 1929, nos EUA.Aanálise dessas crises aponta, segundo ele, que a quedacumulativa do Produto Interno Bruto (PIB) em um momento como o atualé em torno de 9% no período médio de doisanos.De acordo com o professor, a pesquisa sugere que, mesmocom uma combinação de política monetáriae fiscal expansionista nos EUA, nos próximos trimestres, “ocenário mais provável é de agravamento do quadrorecessivo na locomotiva mundial”.E, quando a locomotivadesacelera, disse ele, não há como o resto do tremmanter o ritmo anterior. “Para evitar um completo descarrilamentode nossa economia é preciso agir já na alavancamonetária”, afirmou o professor.