Indústria fala em recessão e defende redução agressiva da Selic

20/01/2009 - 18h07

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)defende que a flexibilização da políticamonetária brasileira “deve ser agressiva e levada ao limitede suas possibilidades, como no mundo todo”. É o que afirmaa entidade em carta divulgada hoje (20), com diagnóstico deque "a crise atual é profunda em seus desdobramentossobre a economia nacional, o que leva [a economia] a umarecessão, e não apenas a uma mera desaceleraçãoem nosso crescimento econômico”.O comunicado do Iedinão menciona número de expectativa na reduçãoda taxa básica de juros (Selic), na reunião que oComitê de Política Monetária (Copom) do BancoCentral realiza hoje e amanhã (21). Avalisa, no entanto, aafirmação do economista-chefe da ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, deque “há espaço no cenário econômiconacional para redução de pelo menos 1 ponto percentualna Selic”, atualmente em 13,75% ao ano desde setembro de 2008.Masnão é só a indústria que torce por umaredução mais efetiva da Selic, embora seja o segmentoeconômico mais atingido pela deterioração domercado, nos últimos quatro meses. Todo o setor produtivo,trabalhadores, autoridades governamentais e até bancos pedemjuros mais baixos e crédito mais acessível,acompanhados por mecanismos fiscais que garantam a ampliaçãode investimentos públicos e incentivos ao investimentoprivado.É o caso do economista-chefe do Banco Schahin,Silvio Campos Neto. Ele diz que existe consenso geral de que o Copomvai retomar o processo de redução da taxa de juros. Adúvida, segundo ele, é quanto a magnitude do corte.Campos Neto, particularmente, aposta numa retração de0,75 ponto percentual, com a ressalva de que “diante do agravamentoobservado nas condições econômicas do país,não se pode descartar um movimento [de queda] maisacentuado”.O economista ressalta que os indicadoresrecentes revelaram forte impacto da crise financeira global sobre aeconomia real brasileira, com número expressivo de demissõesem novembro e dezembro, puxado pelo enfraquecimento da atividadeindustrial e da construção civil. Lembrou tambémque os índices de inflação perderam forçadiante da desaceleração da economia e do recuo depreços de produtos agrícolas e metálicos; e tudoisso contribui para a queda dos juros, acrescentou.CamposNeto acredita que a reunião de hoje e amanhã “irámarcar o início de um intenso e relativamente rápidociclo de afrouxamento monetário”, e lembra que alémda calibragem do corte na taxa de juros é importante analisaro comunicado com o placar da votação e a brevejustificativa para a decisão tomada, bem como a ata do Copom,quinta-feira (29) da semana que vem. Essas mensagens têm granderelevância, segundo ele, para a elaboração doscenários mais prováveis na sequência da políticamonetária.