Filha da líder indígena morta no Mato Grosso diz que crime foi por causa de terra

15/01/2009 - 22h06

Kátia Buzar
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A filha de índiaassassinada na reserva perto de Nova Marilândia, no MatoGrosso, disse que a mãe, a líder indígenaValmireide Zoromará, foi morta a queima roupa. Kely Zoromaránegou a tese de legítima defesa levantada pelos advogados deIsmael Rosa autor dos disparos. “Isso émentira, eles foram covardes e atiraram à queima roupa, portrás, sem chance da minha mãe se defender. E o motivonão foi o peixe que pescavam, foi a ganância dofazendeiro porque estamos aguardando que esta terra volte para nossatribo”, disse.O crime ocorreu nasexta-feira (9), quando Valmireide Zoromará, da etnia Paresi,esteve na reserva para tratar de questões de interesses dosíndios. Ela estava acompanhada do marido, o não índioValdemir Amorim, que também foi baleado e estáinternado, em estado grave, em um hospital de Cuiabá.Kely revelou que amãe lutava há muito tempo pelos direitos dos índiosParesi sobre uma área de terra na região. “Emnovembro estivemos em Brasília para falar com autoridades paraagilizar o processo de reintegração dessa terra que jádura 32 anos. Falamos inclusive com a antropóloga SigliaDoria, que nos garantiu que o local onde tem a represa [onde ocorreuo crime] é da nossa tribo, só falta publicar o estudo”,afirmou.Para o representanteda Fundação Nacional do Índio (Funai) em Tangará(MT), Martins Toledo de Melo, a Funai está acompanhando asinvestigações e que vai aguardar as conclusõesdo inquérito para tomar uma decisão. “Ismael Rosa, oresponsável pelos disparos que causou a morte de Valmireide jáconfessou e está preso em Cuiabá, vamos [a Funai]aguardar os trâmites legais. Nessa região é comum osfazendeiros estarem armados com [armas] de grosso calibre, ede forma irresponsável entregam essas armas para pessoastotalmente despreparadas”, afirmou.