Para Meirelles, economia do Brasil desacelera mas continua a crescer

27/11/2008 - 14h44

Jorge Wamburg
Enviado especial
Goiânia - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, considera que o Brasil está bem posicionado para enfrentar a crise financeira externa, não só pelas suas reservas intrnacionais e estrutura de dívida pública, mas pelo crescimento de sua economia. “Não é uma situação agradável. Nós vamos continuar vendo crise nos jornais, vamos continuar sentindo problemas de crédito. Uma crise internacional grave como essa, não deixa ninguém imune, mas é importante saber que o Brasil tem condições de resistir e continuar crescendo solidamente. Desacelera, sim, ma continua a crescer”, disse Mairelles aos jovens empresários reunidos ontem(26/11) em Goiania.Meirelles disse que, nos últimos cinco anos da década de 90, o país diminuiu a sua média de empregos formais a cada ano em 323 mil postos de trabalho; entre 2000 e 2003, o número de empregos cresceu à média de 664 mil por ano; de 2004 a 2008, foram criados cerca de 1,5 milhão de novos empregos e, nos últimos 12 meses, esse número subiu para 2,148 milhões.A conseqüência, segundo ele, é  que a massa salarial está crescendo 8,6% nos últimos 12 meses e o poder de compra da população tem crescido fortemente nos últimos anos. Esse é um dos motivos pelos quais “o Brasil, mais uma vez, entra mais forte na crise, ao contrário de outros países. Não só forte financeiramente, com reservas, depósitos compulsórios, dívida pública cadente do ponto de vista do poder público, mas com economia mais forte”.O investimento no país cresceu, nos últimos anos, 16% ao ano. As  vendas no varejo cresceu  em 12 meses, até setembro passado, 10,3% ao ano. “O Brasil entra na crise com um consumo forte, levando vantagem sobre muitos asiáticos, que estão baseados em exportações para os Estados Unidos e Europa. Com a recessão, os asiáticos têm problemas, enquanto o Brasil dispõe de um mercado doméstico forte”.O presidente do BC considerou um fato positivo o crescimento do PIB  no segundo trimestre de 2008, de 6,1%, em relação a 2007. Na comparação com  1980 a 2003, em média, o Brasil cresceu apenas 2,1% ao ano. Agora, a média anual é de 4,5%, “resultado de trabalho, duro, sério, de estabilização da economia. Baseado no realismo e na decisão de construir um futuro de estabilidade com responsabilidade”.Para Meirelles  2009 deverá ser um ano difícil, porém a recuperação começará em 2010: “o país, vai, definitivamente, manter a trajetória de crescimento sustentado, apesar do nível mais baixo. Isso significa que nós saímos daquele padrão de arrancadas e freadas que prevalecia no Brasil nas últimas décadas”, disse.Meirelles considerou  importante a aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional. “O Brasil precisa melhorar muito o ambiente de facilidades de se fazer negócios”, justificou. É importante também, segundo ele, continuar investindo forte em infra-estrutura e, para isso, o presidente Lula está comprometido com a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).