Serviço militar no Brasil é pouco obrigatório, aponta Mangabeira Unger

21/11/2008 - 16h14

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro extraordináriode Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger,afirmou hoje (21), que o serviço militar obrigatório brasileirofaz com que as Forças Armadas sejamcompostas apenas de jovens trabalhadores pobres,de famílias sem influência.“A verdade é que oserviço obrigatório hoje épouco obrigatório e não representa todas as classes etodas as regiões do país”.Mangabeira disse que a estratégiade defesa do Brasil prevê o aprofundamento doserviço militar obrigatório. “Em uma sociedade tãodesigual como a nossa, o serviçomilitar pode ser um espaço republicano no qual a naçãoencontre-se acima das classes, para que hajacoesão social”, defendeu o ministro. Ele também salientou que a base mais segura de nossa defesa é a identificaçãoda Nação com as Forças Armadas.Segundo o ministro, a educaçãoé outro elemento fundamental na estratégiade defesa, que, em sua opinião, deve ter padrõesnacionais de investimento e de qualidade. “Ométodo deve ser analítico e não informativo,a prática deve ser cooperativa e não acombinação de individualismo e autoritarismoque marca nosso ensino hoje, com uma visão única doassunto abordado”.Durante sua intervençãosobre a Nova Estratégia de Defesa do Brasil, na 5ª edição da ConferênciaInternacional do Forte de Copacabana, na zona sul do Riode Janeiro, Mangabeira informou que o Plano Estratégico deDefesa Nacional, que deve sair do papel até o fim de dezembro, baseia-se principalmente nabusca da independência tecnológica, espacial,cibernética e nuclear, bem como nareconstrução das Forças Armadas e na criaçãode uma cultura militar de vanguarda quemobilize a sociedade.“São muitos os obstáculos.Nós no Brasil nos sentimos pequenos e esse é umprojeto que exige grandeza. É precisofomentar muitas grandes e pequenas rebeldiasindividuais e coletivas, aliadas à imaginação”,completou ele.Sobre um plano de defesa nasfronteiras do país, Mangabeira anunciou que na próximaquarta-feira (26) ele se reunirá em Brasília com osministros de Planejamento e Desenvolvimentode todos os países amazônicos da América doSul para discutir as grandes diretrizes de umprojeto de desenvolvimento sustentávelincludente da Amazônia, com iniciativas comuns entre as nações.Para ele, no entanto, o maisimportante é discutir o próprio conteúdo doprojeto de desenvolvimento da Amazônia parasuperar “o caos fundiário que existelá hoje, onde a pilhagem e a violência são maisatraentes do que a preservaçãoou a produção”.