Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Aloízio Mercadante (PT-SP), defendeu hoje (30) que o Banco Central pense em outros mecanismos de financiamento, além da transferência aos bancos do depósito compulsório. O objetivo, segundo ele, é permitir que o crédito “flua com maior rapidez” para o cidadão e as empresas, a chamada economia real.Mercadante sugeriu ainda que a instituição reveja a medida de redução do depósito compulsório das instituições financeiras justamente para aumentar o volume de crédito oferecido pelos bancos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participaram hoje de audiência pública na CAE. “Esse empossamento da liquidez dos grandes bancos do depósito compulsório que foi transferido, eu acho que o Banco Central deveria retirar a remuneração desses valores exatamente para que esse dinheiro chegue na ponta e pensar outros instrumentos de financiamento para que, na economia real, o crédito possa fluir com maior rapidez”, afirmou o senador. O senador acrescentou que a outra diretriz é seguir o crescimento econômico com uma política fiscal ativa, manter os investimentos, especialmente os previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e melhorar a qualidade do gasto público.O presidente da CAE admitiu o aperfeiçoamento das medidas provisórias 442 e 443, editadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para garantir mecanismos que reduzam os efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira. “O Congresso pode aperfeiçoar essas iniciativas”, afirmou.Ele destacou, por exemplo, o estabelecimento de um prazo de vigência das atribuições concedidas ao Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) para comprarem carteiras de crédito de pequenas instituições financeiras em dificuldade. Esse instrumento está previsto na MP 443. O prazo foi proposto pelo líder do DEM, José Agripino Maia (RN), na reunião de Mantega com os líderes partidários no Senado nessa terça-feira (28). Agripino Maia disse também que vai apresentar emenda para que os recursos de socorro aos pequenos bancos saíam do Tesouro Nacional e não do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O petista discorda em relação a esse ponto. Para ele, a iniciativa representa uma visão liberal da economia, prejudicada pela crise financeira internacional, que prevaleceu no início do governo do presidente americano George Bush. O parlamentar paulista argumenta que, no Brasil, foi adotada uma postura semelhante a do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, de o dinheiro público entrar na forma de participação acionária que garantiria, no futuro, o retorno dos recursos aos cofres públicos e não significasse “uma doação aos bancos”. Mercadante destacou que os problemas do sistema financeiro brasileiro são pontuais e não de solvência.