Fórum Empresarial Ibero-Americano rejeita medidas bruscas contra crise

30/10/2008 - 5h20

Vinicius Konchinski
Enviado Especial
San Salvador (El Salvador) - Participantes do 4° Fórum Empresarial Ibero-Americano incluíram na carta de conclusões do evento um pedido para que chefes de Estado evitem tomar atitudes bruscas para proteger a economia de seus países contra a crise financeira. No documento divulgado ao fim do fórum, representantes do empresariado de 22 países destacaram a importância de ações contra os efeitos da turbulência internacional, mas afirmaram também que a América Latina, em geral, está melhor preparada para enfrentá-la do que em outras vezes.Segundo o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, que apresentou a carta final aos participantes, a crise financeira é séria e foi debatida com a atenção devida no fórum. Aos empresários, Iglesias disse que devido a essa situação mais confortável, a América Latina não deve modificar a regulação do seu sistema financeiro, mas sim adpatá-la, seguindo diretrizes de discussões internacionais.Iglesias disse também que é preciso que os governantes se esforcem ao máximo para que os países mantenham a boa condição macroeconômica que conquistaram nos últimos anos: taxas de crescimento, exportação e liberdade de ação para a iniciativa privada - tema que foi muito debatido durante o fórum. Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Privadas de El Salvador (Anep), Federico Colorado, existem sérias ameaças ao capital privado em alguns países latino-americanos. De acordo com ele, na Bolívia, Equador, Venezuela, Paraguai, Honduras e Nicaraguá, presidentes seguidamente tentam intervir em ações de empresas.“Em momento de crise, estas tentativas [de intervenção] aparecem com mais força por aqui”, disse Colorado. “Os governantes aparecem querendo impor soluções para os problemas, como se o Estado pudesse fazer tudo.”Ainda na carta de conclusões, segundo Iglesias, há recomendações para o aumento dos investimentos na agricultura, como forma de combate à escalada dos preços dos alimentos. Ele afirmou que apesar de os aumentos terem dado uma trégua nos últimos meses, todos sabem que é necessário um aumento considerável da produção para evitar a especulação. E para que isso ocorra, empresários pediram o fim de barreiras protecionistas e investimentos na agricultura familar.Do documento constam também recomendações para fim do subsídio no preço dos combustíveis; sugestões para a integração dos sistemas de geração de energia elétrica, principalmente na América Central; e também pedidos de mudança nos currículos de escolas e faculdades para que seja estimulado o empreendedorismo entre os jovens.O próximo fórum empresarial ocorrerá em Lisboa, no ano que vem, e terá como tema a inovação.