Mesmo com visita de Lula, distância entre Geddel e Wagner não diminui

28/10/2008 - 20h31

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Foi feita uma aliança que nos deu a vitória em 2006. Seessa aliança durar, cabe a ele a vaga no Senado”, disse o governador da Bahia,ao comentar o encontro que teve com o ministro da Integração Nacional, GeddelVieira Lima, na noite de segunda-feira. O encontro foi chamado pelo governador com o objetivo demelhorar a relação com o ministro, às vésperas da vista do presidente LuizInácio Lula da Silva a Salvador. A conversa entre os dois políticos da base dogoverno ficou desgastada pela acirrada campanha à prefeitura de Salvador,vencida por  João Henrique Carneiro, candidato apoiado pelo ministro.Logo após a divulgação dos resultados das urnas, Geddelfalou de seus planos para o governo do Estado, mas não especificou se quer secandidatar em 2010. No encontro, Wagner teria confirmado que é candidato àreeleição e que disse a Geddel que se ele tem planos de articular umacandidatura, principalmente com a presença do DEM, é melhor que o PMDB saiaagora do governo. “É obvio que não me interessa empurrar o PMDB para a aliançacom o DEM, porque isso poderá provocar uma candidatura forte contra o presidenteLula em 2010. Mas também não há sentido em manter uma aliança, que vai resultarem uma candidatura contra a minha em 2010”, disse o governador. Já o ministro Geddel não confirmou ter ouvido de Wagner esseposicionamento no encontro. Mas a divergência no discurso não é a única formade evidencia o mal-estar que ainda dá o tom das conversas entre o governador eo ministro. Hoje, com a presença do presidente Lula em Salvador, onde participouda 9ª Cúpula Brasil-Portugal, Geddel o recepcionou na base aérea, mas não oacompanhou na comitiva, que seguiu para o centro da cidade. Na noite anterior, oministro já havia se mostrado reticente em aparecer ao lado de Wagner.Geddel também não participou da reunião ampliada da qualparticiparam ministros brasileiros e portugueses, além do presidente Lula e doprimeiro-ministro de Portugal, Jose Sócrates, nem da visita dos dois presidentes e comitiva ao navio escola Sagres, de bandeira portuguesa. Wagner participou da reunião eGeddel preferiu ficar do lado de fora, onde conversou com jornalistas. Eledisse que o encontro com o governador foi cordial, mas que os dois evitaramcobranças.“O governador não tem idade para me dar conselho nem eutenho idade para dar conselho ao governador. O governador não cobra de ministronem ministro cobra de governador”, disse Geddel, que insistiu na argumentação deque os problemas existiram muito mais “nas páginas dos jornais” do que narelação dos dois. O ministro evitou, a todo momento, falar sobre o futuropolítico e sobre a possível aliança entre o PMDB e o DEM, legenda liderada naBahia por Antônio Carlos Magalhães Neto. “Vamos dicutir 2010 quando 2010 chegare repito aquilo que eu disse: se pudermos estar juntos com o PT em 2010 é oideal”, disse.Ao deixar de definir seu futuro político, Geddel ainda jogoupara Wagner a opção de estar ou não com o PMDB. “A caneta é do governador doestado, portanto, quando ele entender que deve afastar o PMDB que o faça.Naturalmente, vamos trabalhar na linha de tentar manter a nossa aliança”, disseo ministro, que desviou a conversa quando o assunto foi a sua possível candidatura aogoverno da Bahia em 2010. “Eu vou lutar bravamente para estar vivo em2010", disse o ministro.  Hoje, não interessaria a Geddel sair do Governo pois, comsua atuação na pasta da Integração Nacional, o PMDB fez 113 prefeitos emmunicípios pequenos do interior da Bahia. Sem o ministério, na opinião deespecialistas, Geddel dificilmente manteria seu prestígio junto aos prefeitos,que são dependentes das políticas do governo federal e estadual. Durante a campanha no segundo turno, João Henrique,candidato apoiado por Geddel, se colocou como o grande traído pelo PT e porrepetidas vezes lembrou que o partido do governador e do seuadversário, Walter Pinheiro, esteve em seu governo com quatro secretarias atéabril deste ano, ou até o PT lançar o nome de Pinheiro, que acabou concorrendocom o dele.