Governo pode ser mais impositivo contra crise, diz representante da CNI

28/10/2008 - 18h05

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo tem tomado medidas na direção correta para enfrentar a crise. No entanto, precisa ser mais impositivo e regulamentar mais atividades, como a financeira. Foi o que afirmou hoje (28) o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Conselho de Assessoria Legislativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade.“O que realmente nós não temos tido é o resultado esperado, porque na medida em que nós precisamos de mais crédito e de reduzir o custo desse crédito, nós temos tido hoje uma dificuldade com crédito e uma elevação dos juros”, afirmou, logo depois de participar do debate sobre tributação.Braga reclamou que falta ação do governo quando libera o compulsório dos bancos para que eles tenham mais dinheiro para emprestar ao setor privado, mas acabam voltando esses recursos para empréstimos ao próprio governo. “O governo tem mecanismos para regular isso. Então é preciso que ele, à medida em que libere o crédito para o banco, para que a sociedade se beneficie dessa liberação e possa ter o seu capital de giro, fazer o seu negócio continuar desenvolvendo. É preciso também que ele faça com que os bancos, com esse recurso, façam esse dinheiro chegar na ponta [da cadeia produtiva]”, afirmou.De acordo com Braga, algumas medidas adotadas também são questionáveis, como a possibilidade de compra, pelo Banco do Brasil, de ações de empresas da construção civil que tiveram ações lançadas na Bolsa de Valores. Ele argumenta que essa é uma medida muito pontual e voltada para um grupo pequeno de empresas.“Era preciso que o governo tivesse uma ação que desse uma capilaridade maior e para todas as empresas do setor”, disse.Robson Braga informou ainda que alguns setores da indústria já sentem os efeitos da crise financeira internacional, como a indústria de ferro gusa, de siderurgia, de automóveis e de mineração. “São setores que têm sentido já o efeito da falta de mercado, da falta de financiamento pras exportações”, pontuou, ressaltando que a conseqüência natural é a redução no nível de emprego.