Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) doBanco Central se reúne hoje (28) e amanhã (29) para discutir comoficará a taxa básica de juros que remunera os títulos depositados noServiço Especial de Liquidação e Custódia (Selic). A taxa está em13,75% ao ano e deve permanecer assim, de acordo com expectativadominante no mercado, como mostra a pesquisa Focus, do Banco Central,realizada na última sexta-feira (24) e divulgada ontem (27).De acordo com o economista-chefe do Banco Schahin,Sílvio Campos Neto, a expectativa é de que a taxa Selic se mantenha noatual patamar, por causa do “cenário de profundas incertezas que seapresentam para a economia brasileira e mundial”. Ele acha que, diantedas circunstâncias, “é mais viável que o ciclo de aperto monetário sejainterrompido neste mês para que se avalie melhor as possibilidades para2009”.Campos Neto disse que apesar de o contágio daeconomia brasileira pela crise se dar de forma lenta e talvez sem amesma intensidade de outros países, “as perspectivas para os próximosmeses são muito incertas, para não dizer sombrias”. Ele acrescentou que em um cenário como o atual fica “muito difícil realizar previsõesconfiáveis para a trajetória da economia”, salvo com relação à esperadadesaceleração do ritmo de crescimento.Essa redução já foi registrada pelaeconomia da Inglaterra, que teve crescimento negativo de 0,5% noterceiro trimestre do ano, comparado ao trimestre anterior, fato quenão ocorria há 16 anos. As atenções agora se voltam para os EstadosUnidos, que devem anunciar o comportamento do seu Produto Interno Bruto(PIB), no trimestre de julho a setembro, na próxima quinta-feira (30),e as expectativas também são de possível contração.A reunião do Copom se realiza em um momento delicado,até porque diferentes países reduziram, recentemente, suas taxas dejuros, numa operação articulada para minimizar o impacto da crisefinanceira em suas economias. Por coincidência, o Comitê de MercadoAberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (FED) dos Estados Unidostambém se reúne nesta quarta-feira (29) para “dosar” a taxa deles, queé de 1,5% ao ano e pode cair ainda mais.Quando o Copom fizer o anúncio da taxa Selic, noinício da noite de amanhã, já saberá se a taxa norte-americana terá cedidomais ainda, ou não. Será o anúncio dataxa de juros mais baixa do mundo, a dos EUA, e a mais alta, que é anossa.