Para cientista político, segundo turno de Salvador passará recados aos políticos

02/10/2008 - 21h54

Luciana Lima
Enviada Especial
Salvador (BA) - A grande pergunta no cenário político de Salvador é se abipolaridade entre os Carlistas e o PT, característica da política baiana desde2002, se manterá para as eleições estaduais, que ocorrerão em 2010. Há apossibilidade de um quadro mais plural e, de acordo com o cientista políticoPaulo Fábio Dantas Neto, da Universidade Federal da Bahia, o segundo turno daseleições da capital baiana servirá para passar  recados aos principais atoresda política local.“Não se pode responder a essa pergunta ainda. Salvador estádando indícios de que a política baiana pode evoluir para essa situação maisplural. Em vez de termos um Ba x VI [Bahia e Vitória, clássico do futebolbaiano], há a possibilidade de termos um leque de opções maior”, destacou.O segundo turno é dado como certo devido ao equilíbrio deforças apontado pelas pesquisas entre os três primeiros colocados: AntônioCarlos Magalhães Neto (DEM), Walter Pinheiro (PT) e João Henrique Carneiro(PMDB). A menos de três dias para a votação, é impossível prever o que sairádas urnas e os especialistas fazem previsões sobre três possíveis cenários: ACMNeto versus Pinheiro; ACM Neto versus João Henrique, e Pinheiro versus JoãoHenrique.“Essa hipótese de maior pluralismo será reforçada se osegundo turno de Salvador tiver a disputa entre Pinheiro e João Henrique”,analisou o professor, referindo-se a um cenário que era descartável até pouco tempo, masque se tornou possível depois das sucessivas quedas de ACM Neto nas pesquisas.“Isso significará que o eleitorado de Salvador se desatrelou da polarização queocorre nas eleições estaduais”, completou. Já uma disputa entre Pinheiro e ACM Neto confirmará essapolarização. “Nesse caso,  o recado serádado ao ministro Geddel [Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional,apoiador de João Henrique e liderança do PMDB da Bahia]. Se ele tem planos deser o governador da Bahia, é melhor colocar esse plano em médio prazo porque alógica que prevaleceu foi a da bipolaridade entre o PT e o DEM”, destacou.O terceiro cenário no qual o segundo turno ocorreria entre ACM Neto e João Henrique encerra,na opinião do professor, um recado para o PT, do governador Jaques Wagner. “Orecado para o PT é duro nesse caso. É para o PT segurar sua aliança com oPMDB”, analisou.Paulo Fabio ponderou, no entanto, que as eleições da capitalnão podem ser tomadas como determinantes para uma disputa estadual. Issoporque o eleitorado de Salvador representa apenas 20% do eleitorado da Bahia.Mais de 60% do eleitorado do estado estão pulverizado em municípios com menosde 50 mil habitantes e na zona rural. O Estado tem oito municípios, incluindo acapital, com mais de 100 mil eleitores e mais 12 municípios entre 50 mil e 100mil eleitores. “Esse conjunto de 20 municípios maiores representa apenas 35% doeleitorado do estado. Mesmo Salvador, que é o maior colégio eleitoral,representa apenas um quinto do eleitorado. Não se pode dizer que a tendênciaverificada na capital tenha validade para o conjunto de eleitores do estado”,ressalvou.