Primeiros resultados de tratamento cardíaco com células-tronco saem até dezembro

02/10/2008 - 11h12

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O EstudoMulticêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias,uma das mais significativas pesquisas clínicas do mundo paracombater doenças cardíacas usando tratamento comcélulas-tronco, deve apresentar os primeiros resultados emdezembro. Detalhes do estudo estão sendo apresentados pelocoordenador de Ensino e Pesquisa em Cardiopatias do Ministérioda Saúde e de Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional deCardiologia Laranjeiras, Antonio Carlos Campos Carvalho, durante o 3ºSimpósio Internacional de Terapia Celular. O encontro começou ontem (1º) e ocorre até sábado (4) em Curitiba.O estudo vem sendorealizado pelo Ministério da Saúde desde junho de 2005e, segundo o coordenador da pesquisa, estão envolvidas quatrodiferentes tipos de doenças cardíacas: mal de Chagas,isquemia crônica, infarto e o “inchaço do coração”(a chamada cardiomiopatia dilatada). Ele explicou que participam 40centros médicos espalhados pelo país e que o governoinvestiu R$ 13 milhões no projeto. “São 1,2 milpacientes voluntários recrutados para toda a pesquisa, cercade 450 estão sendo acompanhados. Os resultados referentes aomal de Chagas serão divulgados em dezembro e, até ofinal de 2009, teremos concluído todo o trabalho”, informou.Ele explicou que numestudo randomizado os voluntários são divididos em doisgrupos. A metade recebe células-tronco e a outra parcela, otratamento mais moderno. Nem pacientes nem médicos sabem se otratamento é de terapia celular ou placebo. Segundo ocoordenador, esse procedimento é conhecido como estudo “duplocego”. Apenas as pessoas que preparam as seringas conhecem talprocedimento. “O paciente só sabe que estáparticipando de uma importante pesquisa”.De acordo com ele, casoos resultados sejam positivos, calcula-se que o Sistema Únicode Saúde (SUS) poderá economizar até R$ 500milhões por ano com procedimentos na área cardíaca.“Todos os anos, só no Brasil, são registrados 240 milnovos casos de doenças cardíacas e 50% dos pacientesmorrem num prazo de cinco anos”, disse o cardiologista PauloBrofman, que coordena o simpósio. Segundo ele, o tratamentonão vai evitar os transplantes, que no Brasil sãorealizados apenas 180 por ano, mas vai retardar a evoluçãoda doença, melhorar as condições de vida demuitos pacientes”, observou.Brofman estima que, sea terapia funcionar, poderão ser salvas proporcionalmente aosque morrem, pelo menos 70 mil pessoas. Ele ressalta que uma grandevantagem da terapia celular autóloga é evitar arejeição imunológica, pois a substânciatransplantada é do próprio paciente. “O material é retirado do tutano do osso”.