Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise econômica mundial deve afetar os setores que mais dependem do crédito, com destaque para os segmentos vinculados a investimentos em bens de capital. A avaliação foi feita hoje (1º) pelo professor Antonio Licha, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em entrevista à Agência Brasil, o economista afirmou que esses setores requerem grandes volumes de crédito e “vão ter dificuldades nos próximos meses”. Licha disse que algumas empresas de pequeno e médio portes já vêm enfrentado esse problema, porque “os bancos têm cortado suas linhas de crédito”.
Para ele, a crise deve prejudicar também o setor de bens de consumo duráveis, principalmente automóveis. Do mesmo modo, a crise poderá repercutir de forma negativa sobre os importadores, na avaliação do economista. “Agora o dólar está mais caro, os preços dos bens importados devem cair e isso vai afetar o comércio de importados.”
Licha salientou que, em contrapartida, alguns setores econômicos podem se beneficiar com a crise internacional. Ele citou os setores exportadores agrícola, de minério de ferro, siderúrgico, de papel e celulose. “Eles devem aumentar suas receitas devido à elevação da taxa de câmbio”. Licha considerou, contudo, que em geral o nível de atividade da economia vai cair nos próximos meses. “E deve persistir retraído de forma bastante forte ao longo do ano de 2009.”Outro setor que deve apresentar redução da demanda é o de eletroeletrônicos, indicou o economista. "Nesse momento os produtos são quase todos importados. Os preços vão subir e a gente não vai ter crédito para eles”, disse o economista, ao acrescentar que a perspectiva é de desaquecimento nos próximos meses para esse segmento da economia.Do lado do consumidor, a avaliação de Licha é que o crédito para a compra desses produtos está ficando mais caro. “Nós devemos ter menos prestações, preços mais altos e com juros também mais altos”, previu