Kelman critica predominância de escolha por usinas a óleo em leilão de energia

01/10/2008 - 21h50

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse hoje (1º) que o país está abrindo mão da sua vocação hídrica e privilegiando uma energia mais cara e mais poluente, ao comentar a predominância de usinas a óleo combustível leiloadas ontem (30).Ao comparecer no 5º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), Kelman criticou a pouca oferta de usinas hidrelétricas e afirmou que isso é “fruto de uma visão míope de demonizar as hídricas” e uma iniciativa que “nem marciano entenderia”. O leilão de energia nova A-5, realizado pela Aneel, teve como objetivo atender ao mercado das empresas distribuidoras de energia elétrica, que compraram a energia ofertada. O prazo para entrega da energia é a partir de 2013. “Mais uma vez o Brasil optou por produzir energia queimando óleo em vez de utilizar a água, que é um combustível renovável e realimentado pela própria energia solar, porque o ciclo hidrológico depende dela. Se um marciano chagasse ao país, ele não poderia entender a opção que faz os brasileiros, descartando o potencial hidráulico enorme ainda a ser desenvolvido”, disse.Em sua avaliação, “não dá para entender a opção de fechar todas as portas para a energia hidráulica e abrir essas mesmas portas apenas para a alternativa de queimar óleo”.Para Kelman, no entanto, o leilão teve o lado positivo de garantir, com sobras, as usinas que vão gerar a energia que o país precisará utilizar a partir de 2013.O leilão de energia nova A-5 contratou 5.566 megawatts (MW) de energia para o sistema elétrico brasileiro e movimentou R$ 60,5 bilhões. Os investimentos na construção das usinas estão estimados em cerca de R$ 11 bilhões.Segundo informações da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a energia, em capacidade instalada, que equivale a 3.125 MW médios, será gerada por 24 usinas. O preço final médio negociado foi de R$ 141,88/MWh. Das 146 usinas habilitadas, apenas 49 participaram efetivamente da licitação. Foram comercializadas uma usina hidrelétrica e 23 usinas térmicas: uma com geração a partir do bagaço da cana-de-açúcar, uma a carvão mineral importado, quatro a gás natural liquefeito e 17 a óleo combustível – o equivalente a 63,7%, segundo cálculos da EPE, que faz os estudos técnicos sobre a energia a ser ofertada nos leilões.