Produtores de leite querem medidas urgentes do governo para conter crise no setor

18/09/2008 - 19h48

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Câmara Setorialda Cadeia Produtiva de Leite e Derivados, órgãoconsultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa), deve apresentar até a próximasegunda-feira (22) ao ministro Reinhold Stephanes um pacote de medidas como objetivo de minimizar os efeitos da crise pela qual passa do setorlácteo no Brasil. A crise foi provocada pela superprodução e atinge com mais força osprodutores e a indústria.De acordo com opresidente da Câmara e também da ComissãoNacional de Pecuária e Leite da ConfederaçãoNacional da Agricultura (CNA), Rodrigo Alvim, entre as medidas aserem propostas no plano emergencial para acudir o setor está aliberação imediata de R$ 300 milhões parafinanciar o estoque de leite das indústrias.Além disso, os produtores ainda pedem que seja aumentado o limite de crédito porindústria, dos atuais R$ 10 milhões, para R$ 15milhões. “Assim, as indústrias que já pegaram os R$10 milhões e que ainda precisam de crédito, poderiamter uma suplementação de R$ 5 milhões”,explicou Rodrigo Alvim.O pacote prevêainda que o governo adote o Contrato Privado de Opçãode Venda (PROP), por meio do qual seriam realizados leilões deum prêmio. “Para ser merecedora desse prêmio, aindústria tem que garantir o pagamento ao setor de produçãoprimária. Com isso, vamos retirar leite de uma regiãomais produtora para as regiões menos produtoras e que precisamser abastecidas, a exemplo do Norte do Brasil”, destacou Alvim.A realizaçãodo leilão custaria ao governo R$ 100 milhões. O setorpedirá ao governo a liberação imediata desserecurso. “Além disso, também para o leilão,vamos solicitar que haja um limite por indústria. A intençãoé que esse crédito seja pulverizado para que todas asindústrias, inclusive as produtoras de derivados como queijo ede leite em pó, possam ter acesso a essa linha de crédito”,destacou o presidente da Câmara Setorial.Outra questãoestá voltada para o incentivo às exportações.Os produtores querem que o governo seja mais “ligeiro” nosacordos sanitários firmados com outros países.“Queremos que o governo convide missões de outros paísespara que elas possam vir ao Brasil e atestar a qualidade da indústriade leite. Além disso, o governo precisa acompanhar de formamais efetiva a questão da qualidade do leite para evitarfraudes”, disse o presidente da Câmara Setorial. A superproduçãode leite no Brasil foi gerada em função de uma expectativa de venda para o mercadoexterno. De acordo com o presidente da Associação dosProdutores de Leite de Uberlândia, Júlio CésarPereira, no ano passado, os produtores do Triângulo Mineiro,uma das maiores regiões de produção leiteira dopaís, aumentaram em 20% a produção. Eles foram incentivados pela alta do preço do leite nomercado externo.“No entanto, oconsumo deste ano não correspondeu às nossasexpectativas. Além disso, o baixo preço do dólarnão tornou as exportações um negócioatrativo. Tivemos uma redução de 15% aproximadamente noconsumo e ainda contamos hoje com um custo de produção25% maior que o custo que tínhamos no mesmo período doano passado”, reclamou o produtor.A soluçãoencontrada por muitos produtores da região foi a de vender asmatrizes (vacas leiteiras) para o abate. “Essa é únicaforma que o pecuarista está encontrando para poder empatar ascontas no fim do mês”, destacou Pereira.Atualmente, o custo dolitro de leite para o produtor tem ficado em R$ 0,70, e o preçopago pelo litro do produto é de R$ 0,68. “A situaçãoestá insustentável. Se não houver medidasurgentes, a produção de leite para o próximo anovai cair devido ao abate de matrizes”, destacou Pereira.