Economistas atribuem oscilações da Bovespa a notícias do mercado internacional

18/09/2008 - 20h52

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Duas notícias deram o tom do movimento de alta e baixaregistrado hoje (18) pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Economistas ouvidospela Agência Brasil creditam ao anúncio de uma ação coordenada de bancos centraisestrangeiros e a rumores sobre a criação de um fundo que compraria créditos“podres” de instituições financeiras norte-americanas as duas grandes altas doIbovespa, que fechou o dia com valorização de 5,48%, a terceira maior alta doano.Segundo Filipe Albert, economista da Tendências Consultoria,a primeira alta do dia, registrada no início do pregão, foi causada pela ação dos bancocentrais. Às 11h, uma hora depois da abertura do mercado, o Ibovespa - principal índice do mercado brasileiro de ações - subiu 3,5%,puxado pelo anúncio da injeção de U$ 247 bilhões dos bancos centrais dosEstados Unidos, Canadá, Japão, Inglaterra, Suíça e da União Européia. “Issoaumentou a liquidez dos bancos estrangeiros e deu ânimo ao mercado”, explicouAlbert. “Mas o ânimo não durou muito.”A partir das 11h até as 14h, o Ibovespa recuou. O índiceperdeu a valorização da manhã e chegou a registrar queda de 1,5%. “Algunsinvestidores viram que a medida dos bancos centrais era um paliativo e asbolsas voltaram a cair”, disse Albert.Contudo, após a baixa, o Ibovespa se recuperou e apresentouuma forte alta no final do pregão. Albert disse que rumores de que o bancocentral norte-americano, o Fed, estaria estudando a criação de um fundo quecompraria os créditos “podres” dos bancos em crise trouxeram esperança aomercado, que reagiu positivamente. “Esta sim seria uma medida interessante. Uma possível solução para a crise”,avaliou o economista da Tendências.Alexsandro Broedel, professor da Faculdade de Economia eAdministração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), disse que, em um momentode crise, é comum as bolsas apresentarem fortes altas e quedas em um só dia.“Ninguém sabe a real situação da economia norte-americana”, afirmou. “A qualquer boato, as opiniões eexpectativas mudam bruscamente.”Marcelo Pereira, da TAG Investimentos, foi mais enfático ao prever que os dias de instabilidade estão longe de acabar. Pessimista, Pereira acredita que não há fatores para uma recuperação acurto prazo do mercado de ações. “Desde agosto, os Estados Unidos só têm ajudado osbancos. Até agora, isso não deu resultado. Será que vai dar agora?”, questiona. Para ele, o cenário não é animador e a economiabrasileira não sairá intacta desta crise. “Os Estados Unidos são a maior economia do mundo.Não tem como o Brasil ou qualquer país do mundo não ser afetado pelos problemasde lá.”