Vinicius Konchinski
Enviado Especial
Campo Grande (MS) - O governador de MatoGrosso do Sul, André Puccinelli, é sempre claroe direto quando trata da possível demarcaçãode terras indígenas na região sul do estado. Apesar dese declarar defensor dos direitos dos povos indígenas,Puccinelli já afirmou em várias entrevistas coletivasque a concessão de territórios aos índios da etniaGuarani-Kaiowá não pode nem deve comprometer a produçãoagrícola e pecuária sul-mato-grossense.“A gente não écontra indígena, mas a terra serve para o quê? Paraproduzir”, declarou Puccinelli a jornalistas, na segunda-feira(15), enquanto aguardava o desembarque do presidente da FundaçãoNacional do Índio (Funai), Márcio Meira. “O estadotem que produzir. Se o índio quiser incluir-se nesse sistema,para o governo, está tudo resolvido.”Meira esteve em CampoGrande para tratar de demarcação com Puccinelli. Depois de se reunirem por cerca de quatro horas, eles firmaram um acordo que prevê a fixação de novas diretrizespara os estudos antropológicos que identificarão asterras tradicionalmente ocupadas por índios e que,futuramente, devem ser transformadas em reservas.A garantia de que aseventuais demarcações não causarão prejuízosà economia estadual e o compromisso de que os proprietáriosde terras concedidas a índios serão indenizados foramdois dos termos constantes do acordo fechado entre Meira ePuccinelli.“As terras em questãonão foram griladas. Foram compradas ou tituladas apóspermutas em que houve dispêndio do proprietário”,disse o governador, em outra entrevista coletiva, desta vez, apósse reunir com Meira na sede do governo estadual. “Tem que haverindenização da terra nua. Não aceitaremosdesapropriação.”Para Puccinelli, oideal era que os indígenas recebessem apoio e investimentospara que pudessem aumentar suas lavouras e viver do que produzem,antes que recebessem mais terras. Ele cita como exemplo da falta deprogramas voltados aos índios o caso de uma terra declaradaindígena localizada no município de Dourados, ao sul doestado: Panambizinho. “A terra pertencia a colonos e foi dada aosíndios. Hoje, nada é produzido por lá e osíndios continuam passando necessidade.”O governador afirma quea Funai não tem a estrutura necessária para prestar oatendimento que os indígenas sul-mato-grossenses demandam.Segundo ele, a administração estadual tem destinadomais atenção às aldeias do que o próprioórgão federal, responsável legal pela tutela dascomunidades indígenas.Puccinelli disse que,só em sua gestão, foram construídassete escolas em terras indígenas, concedidas váriasbolsas de estudo para índios universitários e que,mensalmente, o estado distribui 14 mil cestas básicas pagascom recursos do orçamento próprio.