Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao defender puniçõespara quem divulga o conteúdo de escutas ilegais, o ministro daDefesa, Nelson Jobim, reacendeu o debate sobre o tratamento dado pelosveículos de comunicação a informaçõesobtidas com o vazamento das interceptações. Para a Federação Nacional dosJornalistas (Fenaj), as declaraçõesde Jobim à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinastratam de uma questão pertinente. Entretanto, a sugestão doministro de fazer adequações na Lei de Imprensa não éconsiderada apropriada.“Os jornalistas e,especialmente, as empresas devem reconhecer que existem sim abusos nautilização de informações obtidas atravésde grampos ilegais. Mas não acredito que a soluçãoseja no campo legislativo. Eu acho que ele [Jobim] tem uma certarazão na origem, mas se equivoca na proposta para resolver oproblema. Identifica bem o sintoma, mas o remédio éinadequado”, afirmou à Agência Brasil o presidente daFenaj, Sérgio Murillo.“A imprensa se omiteem fazer essa discussão e acaba dando vazão amanifestações infelizes como a do ministro Jobim”,acrescentou.A Fenaj defende acriação de um Conselho Federal de Jornalistas,instância em que assuntos como a divulgação deinformações obtidas em grampos ilegais poderiam serregulados a partir de um consenso entre profissionais e empresas domeio. Este conselho poderia, segundo Murillo, “definir regrasinternas de fiscalização e impedimento de abusos”,mas sem criar limites e constrangimentos ao trabalho do jornalistas.“Às vezesinformações essenciais para a sociedade sãoobtidas através deste processo e a imprensa deve ter condiçãode tomar essa decisão [de divulgar ou não] a partir darelevância pública do conteúdo”, defendeuMurillo.A proposta de criaçãode um Conselho Federal de Jornalistas já foi rejeitada uma vezno Congresso Nacional, mas foi reapresentada recentemente pelodeputado federal Celso Russomanno(PP-SP). “É uma dívida[a aprovação do projeto] que o Congresso Nacional tempara com a sociedade e que só não foi sanada ainda poroposição das empresas. Existe ambiente, disposição,mas falta vontade política”, criticou o presidente da Fenaj.