Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Além de conter a alta dos preços de alimentos e estabilizar a atual situação da fome no mundo, a meta de governos e organizações internacionais deve ser incentivar o aumento da produção na agricultura familiar, para evitar um aumento maior no número de pessoas com subnutrição crônica. Foi o que afirmou hoje (18), em entrevista à Agência Brasil, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, José Carlos Tubino.De acordo com um informe da FAO divulgado hoje, em todo o mundo mais de 75 milhões de pessoas entraram no grupo daqueles que estão abaixo da linha da fome no mundo, fazendo com que o número de famintos chegasse a 923 milhões, cerca de 17% da população mundial. “Eu diria que as perspectivas não são positivas, estamos muito preocupados”, afirmou.“A política brasileira de aumentar a produção de alimentos é uma política que está no sentido correto”, disse Tubino, que também destacou a Iniciativa relativa ao Aumento dos Preços dos Alimentos, lançada pela FAO em dezembro de 2007, para ajudar os países mais vulneráveis à escalada de preços a aumentar a oferta de alimentos e facilitar o acesso a eles.O representante da organização explicou que a FAO está tentando apoiar as ações emergenciais em pelo menos 78 países, mas também “fornecer os insumos importantes para assegurar a produção da agricultura familiar”. Entre os insumos distribuídos, estão sementes, fertilizantes, rações animais e mesmo ferramentasNo entanto, José Carlos Tubino destaca que o aumento da oferta não pode ficar concentrada apenas nos grandes produtores agrícolas. “Isso também é importante, mas a preocupação é que as próprias comunidades e os grupos vulneráveis tenham capacidade também de produzir seus próprios alimentos, já que eles muitas vezes não estão vinculados com o mercado”, disse.Para a FAO, os problemas causados pelo aumento dos preços de alimentos em todo o mundo tornam quase inatingível a meta de reduzir à metade o percentual de pessoas que passam fome, em relação aos 842 milhões estimados em 1990-1992.“Existe uma tendência para baixa [nos preços], mas ainda não está definida; nós achamos que se estabilizariam os preços num patamar menor, mas esse patamar estaria acima dos preços de 2006”, ponderou Tubino. De acordo com ele, o mais importante agora é estabilizar a situação, assegurar que os preços não continuem disparando “e sobretudo que os benefícios da disparada dos preços sejam para os próprios produtores de alimentos e não fiquem nas mãos de especuladores ou intermediários”.