Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê dePolítica Monetária (Copom) do Banco Central consideraque a “ percepção de risco sistêmico permaneceelevada” por conta da “severa” crise financeira internacional.O risco sistêmico ocorre quando há temor de que umainstituição financeira não tenha recursossuficientes para pagar a outra, causando um “efeito dominó”,ou seja, levando ao colapso toda a estrutura de bancos e financeiras.A afirmação sobre o cenário externo consta da ata da última reunião do comitê, que decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 13% para 13,75%. A reunião foi realizada na semana passada, antes do agravamento da crise nos Estados Unidos, com a quebra do LehmanBrothers, o quarto maior banco de investimentos daquele país.A ata revela a percepção do colegiado de que, mesmo com reforços de recursos em “instituições financeiras relevantes” permanece a incerteza sobre a extensão e a amplitude dos desdobramentos da crise hipotecária americana sobre o sistema bancário nos Estados Unidos e na Europa, “bem como quanto ao impacto que estes terão sobre as condições de acesso ao crédito por parte de empresas e famílias nessas regiões”.O comitê considera que a intervenção do governo dos Estados Unidos em grandes empresas de financiamento imobiliário “pode ser vista como condição necessária, mas provavelmente não suficiente, para a superação da crise”.Apesar da crise externa, o comitê ressalta que “o crescimento das economias emergentes continua forte e até agora aparentemente foi afetado de forma limitada pela crise hipotecária nos EUA, constituindo contraponto aos efeitos da desaceleração das economias maduras”.Na ata, o Copom tambémressalta que “as perspectivas para a política monetária[que consiste principalmente na elevação dos jurosbásicos] nas economias emergentes tornaram-se ainda maiscomplexas nas últimas semanas, quando diversas moedas, nãosomente de países exportadores de commodities, sofreramexpressiva depreciação frente ao dólaramericano”. “Não obstante, as políticas voltadaspara reduzir a vulnerabilidade externa da economia têm semostrado bem sucedidas, contribuindo para mitigar, mas nãoeliminar, os efeitos das dificuldades que caracterizam o cenárioexterno sobre a atividade econômica no Brasil, cujo dinamismovem sendo sustentado essencialmente pela demanda doméstica”.