Abate de matrizes preocupa setor leiteiro

18/09/2008 - 20h21

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O abate de matrizes(vacas leiteiras) devido à crise de superprodução de leite é umapreocupação para a Câmara Setorial da CadeiaProdutiva de Leite e Derivados, órgão consultivo doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa).“Abater uma matriz éfechar parte de uma fábrica. E no caso da produçãode leite, não é possível aumentar a produçãode uma hora para outra. É necessário que se crie umavaca, que essa vaca emprenhe, que tenha o bezerro. É umprocesso que demora”, destacou o presidente da CâmaraSetorial, Rodrigo Alvim.“Queremos crer que aprodução crescerá neste ano mais de 10% e nósnão estamos falando de uma produção em um paísque produz pouco, estamos falando de um país que produziu noano passado 27,2 bilhões de litros de leite. Vamos crescerseguramente”,considerou Alvim.O presidente da CâmaraSetorial destacou que a crise não atinge somente o Brasil, masreconheceu que o aumento da produção, incentivado noano passado pelo governo devido à alta na demanda externa, torna asituação dos produtores brasileiros mais grave.“Ninguémpreviu que no ano passado o preço do leite chegaria ao preçoque chegou. Tampouco se previu que o aumento de consumo de produtoslácteos no mundo cresceria a patamares de 3% a 4% nos últimosquatro anos. Isso fez com que faltasse produto no mundo e os preçosforam para onde foram. Ninguém previu também que issoiria durar tão pouco”, reconheceu Alvim.“Nesse momento ospreços tem caído em função de umaretração de consumo não só no Brasil,como também no exterior. Países deixaram de comprar ouestão comprando menos, e a produção, por outrolado, sobretudo no Brasil, aumentou em 20%”, completou.Já no primeirotrimestre desse ano, o Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) apontou um aumento de produçãode 10% no Brasil. “Temos ainda alguns dados comparativos de aumentospontuais. Em comparação com o mesmo período doano passado estima-se que a produção tenha aumentado emtorno de 20%”, destacou.De acordo com dados daEmbrapa, os custos da produção em relaçãoao ano passado aumentaram 24,4%. “Com a redução dopreço pago ao produtor da ordem de 15 % a conta nãofecha”, destacou Alvim. “Essa é a crise”, completou.