Ex-presidente da CVM defende internacionalização de empresas brasileiras

21/08/2008 - 19h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-presidente daComissão de Valores Mobiliários (CVM) e atualconselheiro do Centro Brasileiro de RelaçõesInternacionais Roberto Teixeira da Costa afirmou hoje (21)que o processo de internacionalização das empresasbrasileiras é irreversível e constitui uma exigênciada globalização.

“Nos últimos dez anos, essatalvez tenha sido uma das modificações mais marcantesno contexto empresarial brasileiro”, disse ele, em entrevista àAgência Brasil, depois de participar do 20ºCongresso da Associação dos Analistas e Profissionaisde Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), no Rio de Janeiro.

Segundo Costa, a globalizaçãoobrigou algumas empresas brasileiras de grande porte a olhar nãoapenas o mercado local, mas também o internacional. “Quandoo mercado se globaliza, surge um fator novo, que é a produçãoem escala, e mesmo um produtor eficiente tem que aumentarsubstancialmente sua escala para ser competitivo.” 

Costa disse que a empresa que busca o exterior temde apresentar vantagens comparativas e competitivas e passar por umprocesso cultural de adaptação e ajustamento aos paísesonde vai operar. A entrada nomercado externo, explicou, pode ocorrer de várias formas, como aberturade uma filial no exterior, compra de uma empresa ou estabelecimento de parcerias.

Ele apontou o fator cambial comoum dos motivos que despertaram o interesse de algumas companhias pelomercado externo. “Elas [empresas] poderiam fazerinvestimentos com taxa de conversão bastante favorávelpara investimentos no exterior. O real está bem valorizado, oque estimulou a participação das empresas no exterior.”

De acordo com Costa, que foi oprimeiro presidente da CVM, há ganhos também noprocesso de governança corporativa, porque a empresa aprendetécnicas de operação no exterior e se familiariza com o cenário externo. Tudo isso, disse ele, levouo empresariado brasileiro a mudar de atitude.

Ele rebateu críticas aoprocesso de internacionalização das empresasbrasileiras, afirmando que o fato de investirem no exterior nãoexclui o investimento no Brasil. “Isso é um falso dilema.”Sobre a perda de postos de trabalho com a internacionalização,Costa admitiu que isso pode ocorrer no início do processo, masressaltou que mais tarde haverá benefícios e o paíssairá ganhando. “Isso vai gerar divisas para o país.”