Lula sanciona lei que cria Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada

31/07/2008 - 21h01

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil vai poder desenvolver e fabricar circuitos integrados deempregos específicos, que hoje são importados, têm alto custo e demorammuito para ser produzidos e entregues. Para tanto, já foram investidos pelo Ministériode Ciência e Tecnologia (MCT)  R$ 250 milhões naconstrução de fábrica desses chips, em PortoAlegre, que está atualmente instalando máquinas paraproduzir esses componentes eletrônicos, que permitem aminiaturização de aparelhos. É o CentroNacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CeitecS/A),  empresa pública que vai trabalhar nodesenvolvimento e produção de circuitos integrados deaplicação específica (ASICS)  e que foicriada por lei sancionada hoje (31)  pelo presidente Lula.O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, informou que a expectativa é de que o Ceitec esteja em funcionamento até o final do ano. Ainda segundo ele, o presidente Lula deve inaugurar o centro da nova empresa. De acordo com o secretário de Política de Informática do MCT,Augusto Gadelha, em quatro anos osinvestimentos feitos nessa área  já estarãodando retorno, quando o Brasil já estiver fazendo essescomponentes, em vez de ter de comprá-los no exterior.O MCT já construiu também alguns outros centros dedesenvolvimento em outros locais, como na UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul e na PUC-RS, onde estãoinstalados centros de projetos de circuitos integrados.O uso dessescomponentes, esclarece Gadelha, permite aminiaturização do circuito de um telefone celular oude um relógio eletrônico de tamanho diminuto, compossibilidades de gravar dados  e são empregados também em pequenos computadores portáveis, os laptops ou notebooks, de alta capacidade e tamanho reduzido.Elelembra que toda a eletrônica do mundo é hoje dominadapela tecnologia integrada, em que se procura usar componentes debaixo consumo de energia e com tamanho físico reduzido. Na sua mesa de trabalho, segundo ele, há  um chipdemonstrativo com 2 milímetros quadrados, "do tamanho da pedra de um anele que é capaz de fazer a codificação de vídeode um circuito para TV Digital. Os conversores desses aparelhospoderão no futuro ter seu preço barateado com odesenvolvimento de circuitos integrados  pelo Ceitec, que poderádiscutir o assunto com o setor interessado e estudar a viabilidadeeconômica para a produção.Oprimeiro circuito integrado desenvolvido no país deverásair já no final do próximo ano das instalaçõesda Ceitec. A indústria nacional só fabrica no momentosemicondutores simples, como diodos retificadores. Um circuitointegrado de alguns centímetros quadrados pode conter milharesde transistores e produzir um resultado eletrônico que hádécadas só era obtido  por um emaranhado compostopor dezenas de válvulas, de alto aquecimento, e trabalhandocom alta voltagem, além de pesados  transformadores,condensadores e resistências,  que ocupavam muito espaço.Odesenvolvimento dos chips ou circuitos integrados foi permitido pelaevolução do emprego de minerais semicondutores, quepossibilitam a  passagem de sinais por meio de correntecontínua (o tipo de  corrente encontrada  em pilhase baterias).  Os circuitos integrados  podem produziramplificação ou produzir e emitir sinais ampliadosdentro de diferentes frequências, sistemas de controle e outrasfinalidades que permitem o  funcionamento de aparelhoseletrônicos de todas as modalidades. Todos os aparelhosdomésticos eletrônicos atuais, lembra Gadelha, usam chips ou circuitosintegrados, do aparelhinho de rádio às TVs, passando por equipamentos industriais etecnologia espacial.