Vinicius Konchinski
Enviado Especial
Dourados (MS) - Os trabalhosde identificação dos territórios indígenasda região sul do estado do Mato Grosso do Sul serão“estritamente técnicos, nada políticos”. Aafirmação é do antropólogo Rubem Thomazde Almeida, coordenador de um dos grupos de trabalho constituídospela Fundação Nacional do Índio (Funai) parademarcação das áreas que, futuramente, devemser entregues à etnia Guarani-Kaiowá.Almeida chegou na última terça-feira(29) a Mato Grosso do Sul. No aeroporto, falou à imprensa eexplicou que aldeias e comunidades indígenas de 26 municípiossul-mato-grossenses serão consultadas pelos pesquisadores paraque os próprios índios afirmem quais são oslocais em que eles, tradicionalmente, ocupam ou ocupavam no estado.Feito isso, esses locais serão visitados pelos grupos detrabalho. Vestígios encontrados nessas áreas confirmarãoou não a presença de indígenas.“Estamos aqui paraver se a reivindicação dos índios éverdadeira”, disse o antropólogo. “Os Guarani-Kaiowápedem mais terras há, pelo menos, 30 anos. O problema estáaí. O que vamos fazer com ele?”Almeida éconsultor do Projeto Integrado de Proteção àsPopulações e Terras Indígenas da AmazôniaLegal (PPTAL) e do Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento (Pnud). Ele estuda a etnia Guarani-Kaiowá há30 anos.Segundo ele, hoje,cerca de 40 mil Kaiowás - uma das maiores comunidades indígenasdo país - estão “confinados” em cerca de 40 milhectares de terra. Na expectativa do antropólogo, caso ademarcação da área seja mesmo concluída,esta área deve ser ampliada para até 3 milhõesde hectares. Entretanto, ele ressaltou que qualquer estimativa éhipotética, já que o levantamento e o estudo aindaserão feitos.Sobre a resistênciados produtores rurais sul-mato-grossenses com relação àdemarcação, Almeida disse que espera ser bem-recebido eque haja diálogo entre governo estadual, federal, índiose proprietários de terra para que a questão sejaresolvida da melhor forma possível, sem conflitos.