Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério da Saúde e a secretaria estadual de Saúde do Rioanunciaram hoje (31) que vão recadastrar todos os 1.077 pacientes queestão na fila à espera de um transplante de fígado no estado. A decisãofoi tomada durante reunião entre o secretário de Atenção Especializadado Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, e o secretário estadual deSaúde, Sérgio Côrtes.Para que a lista possa ser refeita, serão realizados exames emtodos esses pacientes por um laboratório do governo do estado, para vera real situação de saúde de cada um deles, já que o ranking da lista detransplantes de fígado é baseado na gravidade da doença.Os pacientes começarão a ser notificados amanhã (1) sobre a necessidadede se fazer os exames. A expectativa é que o trabalho seja concluído emduas semanas. Quando o recadastramento estiver concluído, os pacientespoderão acompanhar o andamento da lista pela internet.O anúncio foi feito um dia depois de a Polícia Federal deflagrar aOperação Fura-Fila, que descobriu um esquema de fraude e desvio deórgãos da fila única de transplante de fígado no estado do Rio. Segundo o secretário Alberto Beltrame, a idéia é dar confiabilidadeà lista de transplantes de fígado do Rio, mas ressaltou que aocorrência de fraude no estado é um caso isolado no SistemaNacional de Transplantes. “Nós fizemos mais de 900 transplantes de fígado em 2007, sem umaúnica denúncia, sem um único problema. É importante que a gente deixeisso claro para a população, para que não se afete a disposição e asolidariedade das pessoas pela doação. Maus profissionais existem emqualquer atividade. O uso da má-fé para fraudar o sistema é possível.Mas o sistema, por outro lado, tem mecanismos suficientes que podemdetectar isso”, disse Beltrame. A necessidade de se fazer um recadastramento dos pacientes já haviasido percebida em maio deste ano, quando uma auditoria do Sistema Únicode Saúde (SUS) constatou problemas como a permanência, na fila, depacientes que já morreram ou já foram transplantados.Hoje, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),abriu sindicância para apurar a fraude denunciada pela Polícia Federal.A direção do hospital decidiu ainda suspender, por 15 dias, ostransplantes na unidade. Com isso, o único hospital público que fará oprocedimento no estado do Rio, nesse período, é o Geral de Bonsucesso.