Usina Nuclear de Angra 3 é “uma sinfonia inacabada”, afirma José Goldemberg

15/07/2008 - 21h03

Luana Lourenço
Enviada Especial
Campinas (SP) - O físico e professor da Universidade de São Paulo (USP)  José Goldemberg reforçou hoje (15) as críticas da comunidadecientífica à construção da Usina Nuclear de Angra 3, ao participar da 60° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A retomada da construção da usina, prevista para setembro, foi anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, no último dia 7. Goldemberg afirmou que a retomada do programa nuclear“não faz sentido” diante das alternativas possíveis para suprir ademanda energética do país, como a utilização do potencial eólico e ofomento à produção de eletricidade a partir da cana-de-açúcar. “Nagrande maioria dos países que adotaram a energia nuclear, foi umasolução de desespero; é a última solução”, opinou. “Acho que o Angra 3 é uma espécie de sinfoniainacabada, e, no fim, acho que já estava todo mundo ficando tão cansadode Angra 3 que o melhor é acabar mesmo, apesar das recomendaçõesrepetidas da SBPC no sentido contrário, por razões ambientais eoutras”, ponderou. O professor da USP criticou ainda o custo da opçãopela usina. Segundo ele, o megawatt-hora de Angra 3 deverá custarR$ 170, quase 2,5 vezes mais que o valor licitado recentemente para aUsina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), de  cerca de R$ 70 omegawatt-hora. Nesta semana, o presidente da Empresa de PesquisaEnergética (EPE), Maurício Tolmasquim, defendeu o uso da energianuclear como uma fonte fundamental para a matriz energética brasileira em um prazo de 20 a 25 anos.