Luana Lourenço
Enviada especial
Campinas (SP) - Formar e aperfeiçoarprofessores, garantir infra-estrutura em laboratórios,aprimorar conteúdos e material didático e mobilizar asociedade em torno do aprendizado científico. Esses e outrosdesafios da educação para ciência nas escolasbrasileiras foram debatidos hoje (15) por professores e pesquisadoresdurante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência (SBPC). “O ensino de ciênciase matemática no Brasil ainda é muito deficiente”,reconheceu o diretor do departamento de popularizaçãoda ciência e tecnologia, Ildeu de Castro Moreira. Ele listou adeficiência de formação inicial e continuada deprofessores e a distância entre a comunidade científica dasuniversidades e o ensino fundamental como gargalos da gestãodo ensino de ciência. O presidente da RedeInteramericana de Academias de Ciências e professor daUniversidade de São Paulo (USP), Hernan Chaimovich,acrescentou que “não dá para ensinar ciênciasem elevar os investimentos, sem formação deprofessores, sem aumento da carga horária de ensino e seminfra-estrutura” e que a difusão científica voltadapara crianças e adolescentes deveria ser uma políticade Estado. “Nãopode existir, não existe dilema entre ensino de ciênciapara formar cientistas ou para formar cidadãos. A ciênciaé importante exatamente porque forma para a cidadania”,defendeu Chaimovich. Segundo Moreira, odesenvolvimento de ações do Ministério daCiência e Tecnologia em parceria com o Ministério daEducação, como a realização dasOlimpíadas de Matemática e a colaboraçãocom o Portal do Professor, é uma tentativa de responder aos desafios de ensino emciências. “Sabemos que nãoadianta formar doutores só na ponta, o desenvolvimentoeconômico e social do Brasil depende de uma melhoriasignificativa do nível de conhecimento científico etecnológico da população em geral, na base.” Moreira adiantou que oMCT está negociando com os estados a criação –ainda este ano – de pelo menos seis centros de referência emensino de ciências e matemática, provisoriamentechamados de Projeto Arquimedes. “A idéia éque sejam centros que repensem a questão do ensino de ciência,que sejam mais inovadores, que permitam a qualificaçãode professores, material didático inovador, novos métodosque instiguem as escolas a melhorar”, disse o diretor.Até 2010, a meta do MCTé instalar os centros em todos os estados do país.