Presidente da Aben concorda que abertura da exploração de urânio não é urgente

15/07/2008 - 11h06

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mesmo defendendo aflexibilização da exploração de urâniopara a iniciativa privada, o presidente da AssociaçãoBrasileira de Energia Nuclear (Aben), Francisco Rondinelli, concordacom o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),Maurício Tolmasquim. Esse não é o ponto centrala ser definido agora pelo grupo que estuda a retomada do ProgramaNuclear Brasileiro.“É necessária,mas nós ainda temos questões prévias queprecisam ser definidas. É o caso, por exemplo, da questãodo enriquecimento do urânio, cujo ciclo nós jádominamos em sua plenitude”.Segundo Rondinelli, ascentrífugas já estão sendo produzidas e estãosendo instaladas as primeiras cascatas na unidade da INB [IndústriasNucleares do Brasil], em Rezende, no Rio de Janeiro”.Para ele, porém,este processo precisa ser acelerado. “É preciso fazer aequação financeira desse projeto para que ele possa nãosofrer nenhum atraso maior, em função de problemasorçamentários”.Priorizar a conclusãoda instalação da unidade industrial (planta deenriquecimento) é uma questão de política degoverno, na avaliação do presidente da Aben.“É precisopriorizar e acelerar o projeto de implantação da plantade enriquecimento de urânio no país, porque a tecnologianós já temos e também temos o combustível.É então uma questão de decisão degoverno. É preciso começar a produzir para atenderAngra 1 e 2 e estarmos preparados para atender a Angra 3”, avaliou.Quanto àabertura da atividade de exploração do urânio àiniciativa privada, no entanto, Rondinelli acha necessário,primeiro, que se defina um modelo a ser seguido.“No momento em quetivermos um quadro melhor definido sobre o verdadeiro potencial dopaís e um modelo definido, aí sim podemos discutir emdetalhes a flexibilização. A verdade é que,segundo nossas estimativas, podemos pular da sexta para a segundamaior reserva de urânio no mundo”.Segundo Rondinelli, épreciso caminhar para a definição do modelo que o paísquer realmente seguir e trabalhar junto com a iniciativa privada.“Vamos ver as parcerias que podem ser feitas. Um exemplo éSanta Quitéria – parceria da INB com a empresa Galvani paraatuar como parceira na exploração de urânio dareserva, localizada no Ceará, onde o minério seencontra consorciado ao fosfato”.Para ele, o contrato deSanta Quitéria é quase uma flexibilizaçãosem a necessidade de mexer na legislação atual, nomonopólio nem na questão que rege a exploraçãoe a produção. “Como a concessão já erada INB, ela fez uma parceria com a iniciativa privada para explorar ominério e cada um fica com a sua parte. Só que lánão é uma jazida de urânio: é de bauxita eferro, mas também coma presença de urânio”.Na avaliaçãoda Aben, o contrato envolvendo INB e Santa Quitéria jáfoi um avanço e é um modelo que, se seguido, poderápermitirá abrir a participação àiniciativa privada. “Mas é claro que o pessoal [empresáriosprivados] vem com um interesse muito grande, uma vez que o urânioé um combustível com forte demanda mundial,supervalorizado, e os países que podem participar destemercado de US$ 20 bilhões anuais despertam o interesse dosetor”, finalizou.