Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O secretáriode Política Agrícola do Ministério daAgricultura, Edilson Guimarães, afirmou hoje (1º) que o Brasil e a Argentina são os dois únicos paísesque, nos últimos sete anos, produziram mais alimentos do queconsumiram. Segundo ele, isso deve ser visto como uma “janela deoportunidades que se abriu”. Guimarães lembrou que, desde 2001, o mundo está comendo alimentos de estoques reguladores e que a conseqüência disso é a escassez de produtos e oaumento de preços. “O Brasil, hoje, está em condiçõesde abastecer boa parte do consumo mundial de alimentos", afirmou. De acordo com osecretário, o anúncio do Plano Agrícola ePecuário 2008-2009, amanhã (2), em Curitiba, tem oobjetivo de ressaltar o empenho do governo em "investirainda mais na produção e em recompor os estoquesreguladores”. O volume de crédito previsto para o setoragrícola é de R$ 78 bilhões, com incremento deR$ 8 bilhões em relação àsafra passada. Desse total, R$ 65 bilhões vãopara a agricultura empresarial e R$ 13 bilhões para aagricultura familiar. O objetivo é aumentar a produçãoem 5% em comparação com o que foi colhido este ano – 143,3milhões de toneladas, conforme o último levantamento daCompanhia Nacional de Abastecimento (Conab).Em entrevista na qual detalhou o plano, Guimarãesdestacou, entre as medidas que serão anunciadas, a manutençãonesta safra da taxa anual de juros, de 6,75%, o que considera um dospontos fortes do plano. “O efeito prático é quehaverá, na realidade, uma diminuição real. Se ainflação está um pouco mais alta, os juros daeconomia crescendo, se a taxa for mantida, o produtor na realidadepagará uma taxa menor.” A taxa anual foi reduzida de 8,75%no ano passado, valor que vigorava desde 1998, para 6,75%. O secretárioressaltou também o Programa de Recuperação deÁreas Degradadas, que visa a incluir no processo produtivoáreas que foram usadas como pastagens e perderam a capacidadede renovação. No total, são 70 milhões dehectares, em todo o país. “Com esse intuito, o planoliberará R$ 1 bilhão em crédito, com taxa dejuros de 5.75%."Outro ponto previsto é a melhora daliquidez do produtor, facilitando a renegociação dasdívidas e reduzindo o impacto do aumento de custos. “OBrasil importa 90% dos fertilizantes utilizados. Os preçosestão altos no mercado internacional, e estamos incentivando asusinas brasileiras a investir nas minas brasileiras de potássioe fósforo, para conseguir produzir boa parte do queconsumimos. Como isso é algo para médio e longo prazos,a medida imediata a ser tomada será a reduçãodas taxas cobradas sobre o frete.”Naentrevista, Guimarães comentou também a decisãodo Ministério da Agricultura de formar estoques regularadores dearroz e milho para reduzir o impacto do aumento de preçosno mercado consumidor. Ele informou que estáem negociação com o governo a disponibilidade de umorçamento no valor de R$ 3,8 bilhões, que seriamaplicados em AGF (Aquisição do Governo Federal) nacompra dos dois produtos e também em mecanismos de opçãoao produtor, que poderá escolher se quer vender ao mercado ouao governo.O secretáriodisse que o Plano Agrícola e Pecuário contempla ainda aMedida Provisória 432, que permite a renegociaçãode R$ 75 bilhões em dívidas dos agricultores de todo opaís. Ao afirmar que muitos dos problemas da agricultura sãoprovenientes da falta de infra-estrutura, Guimarães observou que faz parte desse planocobrar, na Casa Civil, obras em estradas, ferrovias e portos, paraque elas tenham prioridade no Programa de Aceleração doCrescimento (PAC). O Paraná foi oestado escolhido para o anúncio do plano – pela primeira vezfora de Brasília – por ser o maior produtor de alimentos dopaís, responsávelpor cerca de 22% da produção nacional de grãos eoleaginosas. Os agricultores paranaenses deverão dispor de umtotal de R$ 6 bilhões entre as linhas de créditodisponíveis para a agricultura empresarial e familiar,conforme adiantou o secretário da Agricultura e doAbastecimento do estado, Valter Bianchini.