Escola com pior nota no Ideb nas séries iniciais é da capital do Pará

20/06/2008 - 20h30

Amanda Cieglinski e Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - De um lado, alunos querecebem acompanhamento individual e contam com aulas de flauta,informática, inglês e capoeira no turno contrário.Do outro, um colégio que sofre com o abandono e járegistrou até mesmo uma tentativa de estupro dentro daunidade. Essa é a realidade das duas escolas que registraram amelhor e a pior nota no Índice de Desenvolvimento da EducaçãoBásica de 2007 (Ideb) para as séries inicias do ensinofundamental: a Escola Elisabeth Maria Cavaretto de Almeida, em SantaFé do Sul (SP) e o colégio Ruy Paranatinga Barata, deBelém (PA).A escola de Santa Fé,cidade com 30 mil habitantes, atende alunos da pré-escola à4ª série do ensino fundamental. No Ideb de 2005apresentou nota bem abaixo da média das outras unidades darede municipal: 2,6. Em 2007, a nota foi 8,6, a maior da redepública de ensino do país nos anos iniciais do ensinofundamental. Para a diretora do colégio, Odete Stefanoni, foia mobilização de todos que reverteu o quadro.“A gente nãoesperava, a ficha ainda não caiu. Foi uma choradeira”,conta. “Não foi um trabalho inovador, mas foi de equipe, deunião. Nós tínhamos que melhorar e o diferencialfoi o comprometimento”, acredita. Odete acredita que a nota baixafoi algum erro de apuração do ministério. “Masjá que a gente não ia mudar, fomos atrás paramelhorar”, justifica.Um dos princípiosda escola é o atendimento individual do aluno. A escola contacom quatro professores de apoio que acompanham os estudantes com maisdificuldade. No turno contrário à aula, os alunos combaixo rendimento fazem reforço duas vezes por semana durantequatro horas. “Essas crianças são acompanhadas deperto para a gente ter esse retorno”, explica. Outro diferencialsão as atividades extra-classe oferecidas como informática,dança, capoeira, canto, inglês e futsal.Já no colégioRuy Paranatinga Barata, em Belém, a diretora Léa GomesMiranda, denuncia os problemas estruturais que há mais deuma década são sentidos pela instituição. Ela diz que ficousurpresa com a nota da escola, que foi 0,1. Segundo Léa, em2006, quando ela assumiu a direção, a escola estava como fornecimento de água e luz cortados.“Encontrei a escolacom o nome mal visto lá fora”, diz, lembrando que houve atéuma tentativa de estupro dentro da unidade. “Tudo isso refletiu noresultado”, afirma. Miranda diz que o quadro já estásendo mudado, com o estímulo à participaçãoda família e atividades extra-classe. “Ficamos muito tristescom o resultado, mas as mudanças já estãoacontecendo e na próxima avaliação játeremos outros números”, espera.Para a secretáriade educação básica do Ministério daEducação (MEC), Maria do Pilar Silva, as diferençasentre os resultados do Ideb nas escolas é o retrato dasdesigualdades do Brasil.“O que o governo federal tem quefazer são políticas que compensem essas desigualdades.Por isso que o Ideb é bom, para conhecermos as escolas e ascidades mais fracas e levar para elas mais políticas, maisrecursos e mais projetos. Mas também conhecer os bons projetose fazer com que eles ganhem visibilidade para que as outras cidades eescolas aprendam com quem tem dado conta do recado”, avalia.