Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apontado pela PolíciaFederal como suspeito de envolvimento direto em um esquema de desviode recursos federais aplicados em obras públicas em municípiosmineiros, o deputado federal João Magalhães (PMDB-MG),que teve documentos de seu gabinete apreendidos hoje (20) pela PF naOperação João de Barro, negou a participaçãoem qualquer esquema ilícito e disse ter sido surpreendido. “Estou muito surpreso[com a ação de busca e apreensão no gabinete parlamentar], porque não tivemos informaçãoanterior sobre o inquérito. O que tomei conhecimento atéagora foi pela imprensa. Estou em minha residência em BeloHorizonte desde cedo”, afirmou Magalhães, em entrevista àAgência Brasil. Segundo Magalhães,seu advogado tentou obter uma cópia do inquérito noSupremo Tribunal Federal (STF), mas não conseguiu pelo fato de oministro relator, Cézar Peluso, estar viajando. Uma novatentativa será feita na segunda-feira (23). A PF trabalha com ahipótese de que Magalhães e o deputado Ademir Camilo(PDT-DF) estejam envolvidos em práticas de corrupçãopassiva, concussão (extorsão cometida por funcionáriopúblico) e tráfico de influência. As investigações são feitas com a colaboração da Controladoria Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF). As suspeitas policiassão rechaçadas pelo deputado peemedebista: “Todos osdeputados devem ter suas emendas fiscalizadas com rigor. A CGU tem que fiscalizar todos, nãosó [as emendas] de um ou de dois. Mas eu não tivenenhum município beneficiado com obras do PAC [Programa deAceleração do Crescimento] e muito menos comfinanciamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social]. Estou tranqüilo”, disse o deputado. Apesar de ter baseeleitoral no leste de Minas e na Zona da mata, Magalhães aleganão ter votação significativa na maioria dascidades onde a PF cumpriu hoje mandados de busca , apreensão eprisões provisórias de funcionários públicos,empresários e lobistas. Disse ainda não acreditar queexista um esquema de corrupção generalizada parafraudar obras na região. “Hoje 90% das emendassão liberadas via Caixa Econômica Federal. Ela acompanhadesde o início do processo a execução e faz asmedições finais [da obra] para processar o pagamento.Acho difícil acontecer isso de desvio de não seiquantos por cento. Os preços que a Caixa usa são deamplo conhecimento. É praticamente inexequível”,argumentou Magalhães.Conforme descriçãoda PF, o esquema investigado consiste na associaçãoentre lobistas e empresários para ganharem licitaçõesmunicipais de obras feitas com recursos de emendas parlamentares efinanciadas por bancos oficiais. A partir daí, a obra éexecutada com materiais de baixa qualidade para viabilizar a sobra dequantia a ser desviada.