Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, David Salem, disse hoje (20), em Brasília, que a Operação João de Barro - que cumpre 231 mandados de busca e apreensão e 38 mandados de prisão temporária em sete estados - pode resultar na instauração de, pelo menos, 200 inquéritos criminais."Vamos instaurar inquéritos para cada projeto, de forma que não se prejudique a investigação e se garanta a persecução penal. Houve desvio da ordem potencial de R$ 700 milhões, mas, com o correr das investigações, vamos dividir e chegar ao valor de cada projeto", afirmou Salem.O esquema investigado pela Polícia Federal envolve desvio de recursos em obras de 114 municípios de Minas Gerais, três no Rio de Janeiro, um no Tocantins e um no Espírito Santo. A investigação teve início em 2006 e apurou o superfaturamento de diversas obras, inclusive parte delas integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), realizadas com utilização de material de baixa qualidade."Ocorre a liberação de emendas para determinado município. Empreiteiras com lobistas se articulam para ganhar a licitação. E o projeto não é implementado de foma padrão. O dinheiro que sobra é dividido entre os integrantes do esquema", descreveu Salem. Segundo a Polícia Federal, a realização da operação vai evitar que mais R$ 2 bilhões fossem destinados para obras do interesse dos investigados. Segundo o diretor-executivo da PF, Romero Lucena, também presente à entrevista coletiva, "o mais positivo é estancar um esquema desse porte, tendo em vista o que ainda poderia acontecer".No cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão e de mandados de prisão temporária nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, a Polícia Federal chegou a ir, até mesmo, aos gabinetes de dois deputados federais, no anexo 4 do prédio da Câmara dos Deputados onde, supostamente, haveria o envolvimento de funcionários dos gabinetes nos iliícitos apurados pela Justiça.Nos gabinetes dos deputados Ademir Camilo (PDT) e João Magalhães (PMDB), ambos de Minas Gerais, os policiais federais apreenderam documentos e computadores. Os parlamentares não se encontravam em Brasília. A PF não deu quaisquer informações sobre as investigações nos dois gabinetes parlamenatres.