Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário estadual de Segurançado Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje (3) que,se for preciso, vai fazer uma limpeza na polícia para expulsaros soldados ligados a milícias. “Se tivermos provas, élógico que vamos fazer isso, não tenha dúvida.Prendendo e botando na rua o mau policial, nós estamosvalorizando o bom policial.” Segundo ele, só na sua gestãojá foram expulsos mais de 200 policiais militares.Beltrameafirmou que pretende prender as lideranças da milíciaque atua na favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste da cidade, e nãoapenas os níveis inferiores da organização. Ogrupo formado por policiais e bombeiros é acusado de terseqüestrado e torturado uma equipe do jornal O Dia queestava fazendo uma reportagem na comunidade.Ele defendeu acriação de uma vara de Justiça especializada nocrime organizado. “Nós precisamos ocupar territóriosem que o Estado não vai, a não ser com o braçoarmado da polícia. Precisamos ter no Rio de Janeiro uma varade Justiça de crime organizado.”Beltrame recebeu osdeputados federais Marina Maggesi (PPS-RJ), Raul Jungmann (PPS-PE) eNeilton Mulin (PR-RJ), da Comissão de Segurança Públicae Combate ao Crime Organizado, que foram buscar informaçõessobre as investigações do caso. Depois da reunião,Jungmann, que preside a comissão, disse que a apuraçãoestá adiantada e que os criminosos devem ser presos embreve.“O secretário de Segurança assegurouque está muito próximo de apresentar inclusive quem foio mandante do crime. Ele já tem informações dosaparelhos GPS [localizadores via satélite] dos carrospoliciais que transitaram no local e sabe que tem envolvimento depoliciais.”Segundo Jungmann, existem cerca de 100 grupos demilícias atuando no Rio de Janeiro. “A populaçãofica imprensada entre o narcotráfico e a milícia. Ambossão crime que têm que dar lugar à segurançapública e ao Estado de Direito, através da forçaregulada pela lei.”Para o deputado, o caso ameaça ademocracia, na medida em que se tenta calar e impedir a imprensa derelatar a situação vivida pelas comunidades do Rio deJaneiro.O crime contra uma repórter, um fotógrafoe um motorista do jornal O Dia ocorreu duas semanas atrás,mas só foi revelado no último sábado, para nãoatrapalhar as investigações. O grupo estava vivendodisfarçado na favela do Batan para mostrar como era a vida deuma comunidade dominada pela milícia.