Operação prende 19 pessoas por suspeita de falsificação de carteiras de habilitação

03/06/2008 - 18h43

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Dezenove pessoas foram presas hoje (03) na Operação Carta Branca, que desbaratou uma organização criminosa especializada em falsificar carteiras de habilitação na capital e em cidades da Grande SP. A operação conjunta foi realizada pelo Ministério Público Estadual, pela Corregedoria Geral da Polícia Civil, pela Polícia Rodoviária Federal, pela Secretaria da Fazenda e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).De acordo com as investigações, o esquema contava com o auxílio de médicos, psicólogos, despachantes, proprietários e funcionários de auto-escolas, além de policiais civis e delegados que, além de cooptarem os compradores dos documentos públicos, se encarregavam de lançar falsas informações no sistema de computação do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) para a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).Entre os 19 presos, o delegado Juarez Pereira Campos, de Ferraz de Vasconcelos, suspeito de ter recebido dinheiro para não revelar o esquema criminoso. Também foi presa a mulher do delegado, Ana Lúcia Máximo Campos, proprietária de duas auto-escolas no mesmo município.Segundo o promotor Marcelo Oliveira, do Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) de Guarulhos, as carteiras eram feitas na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos e vendidas para o Brasil inteiro. Para Minas Gerais, por exemplo, a carteira era vendida pelo valor mais caro – cerca de R$ 1.800, já que o estado faz mais exigências para a emissão desse tipo de documento.“O candidato a condutor sequer precisava vir para cá. Essa carteira era emitida sem a presença física dele, mediante fraudes no sistema de habilitação”, disse Oliveira. De acordo com ele, havia casos em que uma mesma digital era usada para 200  documentos diferentes. Algumas dessas digitais eram coletadas com dedos de silicone ou de argila.“O perfil dos clientes era de pessoas que se dispunham a pagar porque sabiam que dificilmente obteriam a CNH”, disse, acrescentando que muitos deles eram analfabetos.A investigação conduzida pelo Gaerco de Guarulhos apura que pelo menos 1,3 mil carteiras de habilitação falsificadas tenham sido emitidas nos últimos dois anos somente pela Ciretran de Ferraz de Vasconcelos.“Vamos ter de arranjar uma maneira de chamar essas 1,3 mil pessoas, ouvi-las, cassar as carteiras e responsabilizá-las criminalmente”, disse.Em entrevista coletiva, Oliveira disse que há indícios de participação da Corregedoria do Detran no esquema. “No dia 29 de abril, a corregedoria esteve fazendo uma correição extraordinária [na Ciretran] em Ferraz de Vasconcelos em razão da apreensão de um lote de CNHs emitidas lá para o Rio Grande do Sul. Houve duas ligações bastante significativas entre os integrantes da quadrilha levantando dinheiro”, afirmou, esclarecendo que o Ministério Público tem gravações de conversas entre pessoas acusadas de integrar a organização criminosa.Os envolvidos poderão responder por corrupção, falsidade ideológica de documento público e formação de quadrilha.