Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na avaliação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os investimentos do setor siderúrgico brasileiro estão aquém do tamanho que poderiam ter. A carteira de investimentos das empresas do setor mapeados pelo banco totaliza R$ 46,3 bilhões para os próximos três a quatro anos. "Mas a gente gostaria de ver um esforço maior", revelou Coutinho.O presidente do BNDES disse hoje (3), no 1º Encontro Nacional da Siderurgia, no Rio de Janeiro, que a carteira de investimentos das siderúrgicas poderia ser ampliada consistentemente. "Nós estamos vendo o desenvolvimento da cadeia automotiva, do setor de bens de capital, do complexo naval, da construção civil. Tudo isso demanda muito aço. Não existe desenvolvimento sem siderurgia. Sem aço. Então, é preciso realizar esse programa de investimentos. Nós estamos confiantes de que eles realmente ocorrerão", afirmou.Coutinho descartou a possibilidade de que o baixo investimento possa estar relacionado a algum tipo de temor quanto ao crescimento econômico, até porque o setor tem escala muito grande. "O investimento é feito por saltos e a decisão de investir tem de atender a uma visão de longo prazo", disse. Ele espera que não haja necessidade de importar aço, diante da expectativa de aumento do consumo. "Eu não gostaria de sacrificar exportações para suprir o mercado doméstico. É importante que o Brasil aproveite a oportunidade competitiva de produzir aço de várias modalidades, de maneira muito eficiente, com custos adequados. E aproveite essa oportunidade para ser um grande protagonista no setor mundial de siderurgia", observou.Em palestra aos empresários do setor, Coutinho afirmou que o Brasil pode desenvolver "atores" globais competitivos, através do amadurecimento de processos de internacionalização das empresas siderúrgicas, como já ocorreu nos setores aeronáutico e de mineração, por exemplo. Segundo ele, isso pode ser feito através do aumento do porte das companhias, do aprofundamento da capacidade tecnológica e do fortalecimento da rede de logística e de comercialização.Coutinho garantiu que o BNDES está preparado para apoiar o setor nos próximos anos. E convidou os empresários a pensar na perspectiva de crescimento da siderurgia com um olhar otimista para ampliação da capacidade de oferta. "Convido todos a participar da aventura de puxar a economia brasileira para ciclos sustentáveis de investimento com estabilidade, que dependem da capacidade privada de criar oferta e inovação e trazer produtividade para transformar o crescimento brasileiro em um crescimento qualitativamente diferente. Porque cria ganhos de produtividade que garantem melhor distribuição de renda e permite conciliar estabilidade de preços com crescimento, com produto potencial ao redor de 5%", disse.O presidente do BNDES esclareceu que, para um crescimento demográfico atual de 1,4%, o crescimento econômico de 5% equivale a uma expansão em torno de 6,5% a 7% do produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país. Para crescer 5% ao ano, de forma sustentável, Coutinho indicou que é preciso subir as taxas de investimento e de poupança e mantê-las num patamar alto.